4.2. SEGUNDA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE
PELAS CONSEQÜÊNCIAS NATURAIS
(BOAS OU MÁS, DOS BONS E MAUS ATOS HUMANOS COMETIDOS)
4.2.1. CONCEITUAÇÃO
a) Conseqüências
naturais, particularmente neste estudo, são os efeitos automáticos das leis
naturais de Deus, agradáveis ou desagradáveis, dos atos livremente praticados
por um agente, e que reagem (refletem) sobre ele, causando satisfação ou
sofrimento respectivamente.
b) Por
isso, recebe outras denominações como Lei de Ação e Reação, Lei de Causa e
Efeito, Lei do Retorno, Lei da Responsabilidade, etc.
c) Essas
conseqüências podem ser classificadas segundo várias ordens ou naturezas.
d) Conseqüências
favoráveis1
1Desfavoráveis, porque originados por
procedimentos anteriores condenáveis.
— Na
ordem física: boa saúde, vitalidade, home-óstase, etc.
— Na
ordem psíquica: saúde mental, equilíbrio, bom senso, discernimento,
conscientização, etc.
— Na
ordem social: reconhecimento, prestígio, boa fama, credibilidade, bons
contactos, etc.
— Na
ordem moral: conforto moral, paz de consciência, auto-estima, auto-confiança.
— Na
ordem espiritual: bem-estar espiritual, esperança, fé, indulgência, etc.
— Na
ordem econômico-financeira: lucro, crédito, sucesso empresarial, prestígio,
poupança, prosperidade, segurança econômica.
e) Conseqüências
desfavoráveis1
— Na
ordem física: enfermidade, depauperamente, prostração, incapacitação física,
lesões, vícios fisiológicos, deficiência mental, a morte.
— N
ordem psíquica: depressão, confusão mental, insegurança, inconsciência,
neuroses, vícios, autismo, complexo de inferioridade, síndrome de Down, etc.
— Na
ordem social: desprestígio, má fama, descrédito, insucesso, privação da
liberdade, etc.
— Na
ordem moral: arrependimento, remorso, desgosto, desestima, insegurança, o
tédio, decepções, ingratidão, etc.
— Na
ordem espiritual: mal-estar espiritual, desespero, ceticismo, arrependimento,
expiações e reparações.
— Na
ordem econômico-financeira: prejuízos, endividamento, inadimplência, falência,
perda de crédito, empobrecimento, roubo, desfalque, etc.
— X —
X — X —
f)
Essas conseqüências boas e más, podem acontecer na
mesma encarnação, ou noutra posterior.
4.2.2. HISTÓRICO
a) Não
se pode compreender a existência do homem desde a sua criação, ou aparecimento
na era quaternária que não estivesse regido pelas leis naturais que são as
mesmas leis de Deus, seu Criador. E dentre essas leis, situa-se a das
conseqüências naturais dos atos humanos. Válida ela para qualquer homem em
qualquer tempo, sem qualquer espaço geográfico, cultural, religioso, racial,
civilizatório. É, portanto uma lei definida pela sua universalidade no tempo e
no espaço.
b) Seria
impensável admitir a sua suspensão em tal época, ou em tal espaço geográfico. A
totalidade dos homens está sujeita a ela ininterruptamente, sem hiatos,
desvios, exceções, privilégios ou suspensões (EE – V, 5). É, portanto,
absolutamente histórica essa Dinâmica Espiritualizante.
4.2.3. FUNDAMENTOS (doutrinários
espíritas).
a) (CI
– 1ª, VII, Código, 33º, 2º): “Toda imperfeição, assim como toda falta dela
decorrente, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e
inevitáveis, assim a moléstia pune os excessos,e da ociosidade nasce o tédio,
sem que haja mister de uma condenação especial, para cada falta ou indivíduo”
b) (EE
– V, 5): “Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto,
não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há falta alguma por mais
leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e
inevitáveis conseqüências mais ou menos deploráveis”.
c) (LE
– Q.633): “Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem,
é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa
medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o
limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite é punido pelo
sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz – basta, evitaria a maior
parte dos males, cuja culpa lança à natureza”.
d) (LE
– Q.964): “P – Mas, será necessário que Deus atente em cada um dos nossos atos,
para nos recompensar ou punir? R – Deus tem suas leis a regerem todas as vossas
ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete
um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe,
por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite: as enfermidades
e muitas vezes a morte são a conseqüência dos excessos. Eis aí a punição; é o
resultado da infração da lei”.
4.2.4. EFICÁCIA (espiritualizante).
a) Tanto
podem ser eficazes as boas (agradáveis), quanto as más (desagradáveis)
conseqüências dos atos e imperfeições humanas. No entanto, os sofrimentos pelos
erros e faltas, ou pelas imperfeições, o escarmento (experiência adquirida, a
lição aprendida das conseqüências dolorosas) é bem possível que sejam mais
eficientes no sentido de dissuadir o agente do cometimento de novas faltas ou
de não reduzir, ou de não vencer suas imperfeições. Porque o ainda baixo nível
espiritual, manifestado pela atual humanidade terrena, é muito mais sensível ao
escarmento dos sofrimentos do que as conseqüências prazeirosas dos bons atos.
b) E
é nesse poder de dissuasão, pelos padecimentos conseqüentes, que reside a
acentuada eficácia atual da Dinâmica Histórica de desenvolvimento da
espiritualidade pelas conseqüências naturais funestas. Conjuntura essa,
contudo, que tende a ser progressivamente removida e substituída pelas boas e
agradáveis conseqüências dos bons e sadios atos emanados das perfeições
espirituais, então (nessa futura época) em franco despertamento.
c) Tanto
umas quanto as outras — boas ou más conseqüências — concorrem no
desenvolvimento espiritual das pessoas. As primeiras, aprovando-as, as
segundas, advertindo-as inibindo e corrigindo pela dor. Os efeitos atrozes no
agente dos comportamentos contrários às leis naturais de Deus são realmente
contundente, e sacodem vigorosamente todo o seu ser. Não obstante, essas
conseqüências não desenvolvem diretamente nenhuma perfeição ainda em estado
relativamente inercial. Porém — e aí está a sua eficácia — criam as condições
iniciais para desenvolve-las. Pelo choque, pelo chamamento vigoroso à mudança
de comportamento.
4.2.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDADE (repercussões nesta
pedagogia da Dinâmica Histórica de Espiritualização pelas Conseqüências
Naturais dos atos humanos).
a) Esta
segunda dinâmica representa um atuante fator de ativação das dinâmicas de
motivação (focalizas no anterior 10º Estudo), reduplicando a eficácia
pedagógica delas.
b) As
dinâmicas de motivação, recordando, concorrem no aprofundamento da tensão
psicomoral1 para os educandos admirarem, valorizarem e quererem
praticar os atos da perfeição espiritual em desenvolvimento Por outro lado,
esta Dinâmica das Conseqüências Naturais atua pela dissuasão (efeitos
desagradáveis) como já foi exposto no item anterior sobre a eficácia à prática de
atos da imperfeição oposta.
1Vide o que é esta tensão psicomoral no já citado
10º Estudo anterior.
c) Um
exemplo elucidativo. O educando está sendo motivado à prática de atos de
honestidade. As conseqüências naturais dolorosas do cometimento de atos de desonestidade
podem dissuadir o educando desta prática. Fica então, o espaço mental e moral
dele livre para executar o procedimento sadio e almejado da perfeição oposta,
isto é de honestidade.
d) Isto
pode acontecer, porque o educando, em sua vida comum cotidiana e trivial,
estará freqüentemente diante duas opções opostas, entre o bem e o mal proceder.
Aqui, na casa do exemplo, entre a alternativa de cometer um ato de honestidade,
ou de desonestidade. E é justamente nessa circunstância crítica que a dissuasão
tende a decidir o dilema do educando pela honestidade, já que a desonestidade
pode já ter-lhe causado dissabores ou até tormentos.
e) E
ainda podemos registrar outra forma de repercussão altamente positiva dessa
dinâmica histórica na Pedagogia da Espiritualidade. Trata-se das conseqüências
agradáveis no espírito dos educandos da prática dos bons atos, na linha do bem,
beneficiando o próximo e gratificando a eles mesmos (seus autores).
f)
Essas conseqüências aprazíveis, ou apenas ternas,
serenas, lembram ao educando que ele pode sentir esse mesmo prazer espiritual
cometendo os atos da perfeição (ou valor moral) em desenvolvimento. O que
reforça sobremaneira a tensão psicomoral ordenada a esse procedimento, o do
bem.
— CONCLUSÃO.
As conseqüências dolorosas dos atos perniciosos servem positivamente à
Pedagogia da Espiritualidade pela força de dissuasão à prática desses atos
provenientes das imperfeições opostas às perfeições desejadas. Ao contrário, as
conseqüências naturais agem pela força de estimulação, porém, mudando de objeto
dos atos malignos pelas benignos que são incentivadores (do bem), e não
dissuasores (do mal).
Não obstante, confirma-se a
ressalva constante do item anterior (Eficácia): no estado atual geral da
humanidade, as conseqüências desfavoráveis (adversas à conveniência do agente
são mais incisivas no processo de espiritualização dele e da espécie humana do
que as conseqüências favoráveis.
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