segunda-feira, 25 de abril de 2016

Texto do 119 em diante

4.2.
SEGUNDO PROCEDIMENTO:
PERÍODO DE APLICAÇÃO PRÁTICA

(DINÂMICA DA PRÁTICA REAL DOS ATOS NA COTIDIANIDADE)

4.2.1. ANÁLISE DO TÍTULO DESTE PROCEDIMENTO
a). Período. Porque este Segundo Procedimento é desenvolvido em determinado período de tempo, ou sejam, sete dias, como intervalo entre duas Sessões de Trabalho Semanal.
b). Aplicação. Porque nesse período, os educandos são motivados e preparados para aplicarem na vida real cotidiana o que lhes foi induzido nas quatro Dinâmicas Pedagógico-Espirituais que compõem a Sessão de Trabalho Semanal, que precede a este Período.
c). Prática. Porque esta aplicação é totalmente prática, ou sejam, identificações de eventuais e reais oportunidades de praticar os atos da perfeição em desenvolvimento na ocasião.

4.2.2. DEFINIÇÃO. Dessa análise, extrai-se a seguinte definição desse Segundo Procedimento:
a). Período de Aplicação Prática. É um espaço de tempo de sete dias, entre duas Sessões de Trabalho Semanais, durante o qual os educandos dispõem de reais, porém eventuais, oportunidades de praticarem atos concretos da perfeição que esteja em tela.
b). Para isso, os educandos vivenciam situações de ofertas naturais, urbanas, de variegada natureza, como diversões, entretenimentos; atividades escolares, religiosas, esportivas, sociais, artísticas, domésticas, etc., durante as quais acontecem espontaneamente encontros, harmônicos ou conflitivos, com pessoas diversificadas, podendo configurar oportunidades de cometimento dos atos acima referidos.

4.2.3. OBJETIVOS (desse período):
a). Primeiro. Promover o crescimento espiritual pedagógico, moral e espiritual, dos educandos, comportando metodologia, programação, fundamentação, intencionalidade, sistematização e afetividade.
     Esse crescimento, ou enriquecimento espiritual dos educandos, dá-se justamente nesse Período de Aplicação Prática, quando o educando pratica na realidade atos de alguma das oito perfeições do Catálogo Curricular desta Pedagogia da Espiritualidade.
b). Segundo. Concorrer preponderantemente na formação paulatina dos hábitos de cada uma das perfeições espirituais. O que ocorre na própria prática continuada dos atos neste período.

4.2.4. COMPOSIÇÃO (do Período). Nesse espaço de sete dias, muitas situações, episódios, ocorrências podem despontar. Todavia, o que realmente interessa à Pedagogia da Espiritualidade são os encontros com pessoas, durante os quais podem surgir as oportunidades dos atos. Mas essas oportunidades só são identificadas pelos educandos se estiverem atentos a essas eventualidades.
a). Comparado, dentro do Ciclo de Desenvolvimento Espiritual com Sessão de Trabalho Semanal, esta Sessão funciona como atividade-meio e o Período de Aplicação como atividade-fim.

4.2.5. VALOR DA ATENÇÃO
a). A Atenção assume importância fundamental neste período, pelo seu fator de intencionalidade, isto é de se voltar para um objeto bem determinado, mas que não está à vista física dos educandos, mas sim à visão de aguardo, de espera na mente pré-consciente1. Atenção essa que recebe o nome de ”Atenção Expectante”, que não é permanente, o que seria impraticável nesse longo  período de 7 dias contínuos e muito intermitente. Contudo, que pode essa atenção ser desencadeada, ativada, emergida, do estado expectante, e tornada consciente; e desponta eventualmente quando o educando é surpreendido pelo surgimento súbito, ou não, por uma oportunidade de praticar um ato da perfeição que estivera em desenvolvimento, e na presença de alguma pessoa, em diálogo com ela.




1Disponível no consciente por um pequeno esforço mental. “Processo psíquico latente do qual não se dá conta a pessoa em um momento determinado, porém que pode trazer à consciência mais ou menos efetivamente” (Dic. De Psicologia – H.C. Warren, Editor – Buenos Aires).





b). Qualquer forma de contacto, de encontro social com qualquer pessoal, conhecida, ou não, já alerta o educando para a atenção expectante, mas só a oportunidade, assim caracterizada de possível ato no decurso desse diálogo, discussão, controvérsia, ou de qualquer outra natureza, é que “dispará” a atenção expectante para a conscientização da oportunidade a ser aproveitada.
c). Por exemplo. O educando está visitando um shopping-center, percorrendo distraidamente suas dependências; mantendo submersa na mente a sua atenção expectante. Para a qual foi preparado pelos processos das quatro Dinâmicas da anterior Sessão de Trabalho Semanal na escola, onde freqüenta as atividades da Pedagogia da Espiritualidade. E foi suficientemente treinado na Dinâmica de Preparação, para bem aproveitar o Período de Aplicação Prática que está vivenciando. Ocasionalmente, encontra um colega de escola. Após os cumprimentos sociais, iniciam eles uma conversa, durante a qual vem à baila o último jogo de futebol (costumeiro provocador de querelas). É ativada naturalmente a atenção expectante do educando. O jogo fora vencido pelo seu time contra o clube do colega. Este se altera e denuncia que o jogo foi roubado pelo juiz; descontrola-se e afirma que só torce pelo clube do educando pessoas ignorantes e otárias.
d). Mesmo muito ofendido, o educando rebate as ofensas do colega, defendendo seu clube. Após um bom tempo da disputa, conscientiza-se de que está diante de uma oportunidade real de perdoar; acalma-se e diz ao ofensor que o perdoa com toda a sinceridade. E assim comete um ato de indulgência. E despede-se educadamente do seu adversário (nessa discussão).
     Consumado e declarado o ato de perdão, o educando deve ter conquistado um pequenino acréscimo no seu nível espiritual. Tudo indica que sinta uma diminuta satisfação íntima e proporcional elevação de sua auto-estima e até de felicidade.
     O sistema mental, que fora, desenvolvido, e até treinado pelo educando, na prévia Sessão de Trabalho, funcionou no Período de 7 dias de Aplicação como o educador almejara. Não fora a atenção expectante que saltara do pré-consciente para o consciente pelo surgimento súbito da oportunidade de cometimento do ato, a oportunidade de um pequeno enriquecimento da alma teria se esvaído sem nenhum aproveitamento.
     A falha dessa atenção do espírito do educando, quando invigilante (desatento), aborta, já de início, toda a articulação pedagógica e didática do Ciclo de Desenvolvimento Espiritual. A atenção, portanto, apesar de apenas expectante e pré-consciente, ocupa posição prioritária, de abertura de todo esse sistema dinâmico-pedagógico. O qual culmina nesse funcional (útil, proveitoso) Período de 7 dias para Aplicação Prática em situações reais de atos espirituais.

4.2.6. PELOS EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS (da Dinâmica de Preparação). Os educandos entram neste Período de Aplicação, “engatilhados” por um dispositivo mental subconsciente de expectação, a ser acionado pelas eventuais e espontâneas oportunidades de atos que possam surgir.
a). Pode-se comparar esta atenção expectante “engatilhada” ao diafragma de uma máquina fotográfica que permanecesse sempre aberta para captar a imagem de alguma cena aguardada com muito interesse, e que dispara automaticamente o flash quando a imagem surge.
     Para mais esclarecimentos sobre o valor da atenção, consultar o III Tomo (Estudos Complementares) da presente obra.

4.2.7. O VALOR INSUPRÍVEL DA ATENÇÃO.
a). Deverá o Educador da Espiritualidade destacar com insuperável convicção moral e espiritual para seus educandos o valor e importância decisivo da ATENÇÃO durante os 7 dias do Período da Aplicação Prática para aquilo que lhes foi proposto nas quatro Dinâmicas Pedagógico-Espiritual durante a Sessão de Trabalho Semanal.
b). Sem ela, a ATENÇÃO (expectante), sucumbe todo o sistema psicopedagógico da espiritualização das almas-educandas. Porque na ausência dela, passam ao largo dos desatentos as oportunidades despercebidas, sem nenhum aproveitamento. Ignorados esses momentos de crescimento espiritual, os atos possíveis de serem cometidos ficam desprovidos dos seus objetos únicos de aplicação. E o educando perde as ocasiões de progredir espiritualmente. E ainda superveniente, de acréscimo, a perda do deleite espiritual muito pessoal do “ceitil” de enriquecimento anímico, da conseqüente proporcional parcela de felicidade, cada vez que ele, educando, deixar escolar a oportunidade de evolução e conseqüente bem-estar moral e espiritual.

4.2.8. O VALOR IRRECUSÁVEL DA COTIDIANIDADE (para a Pedagogia da Espiritualidade).
a). A cotidianidade (o dia-a-dia comum, rotineiro, trivial mesmo, em todos os dias, em princípio proporcionada a qualquer homem comum é o verdadeiro “habitat”1 social, moral e espiritual, adequado ao desenvolvimento da espiritualidade. É na cotidianidade que o homem se encontra atraído tanto pelo bem quanto pelo mal, e se exercita na opção pelo bem — se assim se dispuser moralmente — tantas são as oportunidades simples de ser caridoso e não egoísta, de ser indulgente e não vingativo ou rancoroso, humilde e modesto e não soberbo e vaidoso, esperançoso e otimista e não desesperado e pessimista, justo e não injusto, honesto e não desonesto, verdadeiro e não mentiroso, leal e não desleal ou traidor.




1Habitat. Ecologia – Conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições favoráveis à vida e ao desenvolvimento de determinada espécie animal ou vegetal. Por extensão – Local onde algo é gerado, encontrado ou onde alguém se sente em seu ambiente ideal (dic. Houaiss).
2“Mis-en-scène. Organização material de uma representação teatral. E, por extensão, cena (fingimento, simulação)” (dic. Houaiss).





b). Procure o leitor, ou o estudioso desta obra, fazer o retrospecto de uma semana apenas de sua vida e vivências cotidianas em “flash-back” (lembrança) e ficará surpreso com tantas oportunidades que lhe foram apresentadas, nos contactos sociais de qualquer natureza, com diversas pessoas, seguidas de “convites” à prática dos atos acima listados.
c). O tão trivial, costumeiro e distraído lançamento de um papel, casca de fruta, ou toco de cigarro ao chão em qualquer lugar, e não apanhá-lo, é já um ato de injustiça urbana, e continuada pela não-reparação. E, se repetido várias vezes durante muito tempo, cria na pessoa o nocivo hábito de poluir os ambientes, e muito difícil de ser erradicado dessa pessoa.
d). Não são os grandes e graves atos cometidos, quer do bem, quer do mal, que mais concorrem para a espiritualização das almas ou para a estagnação espiritual e moral delas, em que pese a sua carga bem maior do que os atos cotidianos comuns. Porque são muito raros, e, por isso, pouco concorrem na formação dos bons ou maus hábitos. Prevalecem muito mais os atos singelos mas cotidianos, pela sua alta freqüência. E daí decorre a intimidade muito estreita entre Pedagogia da Espiritualidade e cotidianidade, o que não se verifica com os atos esporádicos e singulares, apesar de sua gravidade intrínseca.

— X – X —

4.2.9. VALOR DAS OPORTUNIDADES
a). As oportunidades (de atos) são as ocasiões tecidas natural e espontaneamente, sem qualquer “mis-en-sciène2”, pelas circunstâncias de tempo, lugar, pessoas, acontecimentos, atos e fatos. Mas principalmente nos encontros interpessoais que enredam o educando em tramas simples de vivências articuladas entre si. O que pode acontecer principalmente no lar, na escola, no templo, ou em qualquer outro lugar da comunidade, ou na convivência urbana em geral. São as abundantes e variadas ofertas de diversões, entretenimentos, compras, alimentos, guloseimas, esportes, práticas religiosas, festas, etc. Em encontros e contactos, eventuais, ou não, com familiares, colegas, mestres, vizinhos, amigos, confrades (de crença), etc., conhecidos, ou mesmo, desconhecidos.
b). Essas ocasiões são os alvos, ou objetos, preferenciais, quase exclusivos, dos educandos no Período de sete dias de Aplicação Prática.
Podem, as oportunidades, ser consideradas como “convites” informais das circunstâncias ao enriquecimento espiritual dos educandos a isso predispostos pedagogicamente.
c). São tão importantes e decisivas essas oportunidades de atos reais — não fictícias, nem montadas — nas puramente espontâneas e até imprevisíveis, que podem ser consideradas como determinantes do almejado aperfeiçoamento moral e espiritual, ou, “a contrario sensus”, da inaceitável, mas possível, e até muito freqüente e generalizada estagnação em baixo nível espiritual, individual e coletivo (em média).

d). Espectro não exaustivo) os sítios-fontes das oportunidades:
- lares  - cinemas        - clubes           - restaurantes
- escolas         - teatros          - festas            - lanchonetes
- templos         - shows           - danceterias   - cafés
- bibliotecas    - praças          - campos futebol        - livrarias
- ruas   - estádios        - museus         - parques
- ginásios        - academias    - repartições   - shoppings
- bancos          - lojas  - clínicas         - casas lotéricas
- supermercados        - postos de saúde                   - etc. etc.

     Em suma, em qualquer lugar nos quais se encontrem pessoas, que eventualmente possam interagir com os educandos, ocasionando situações que desenhem essas oportunidades de atos de caridade, indulgência, humildade, etc.

     X – X —

4.2.10. VALOR DOS ATOS (COMO O PONTO CULMINANTE E CRÍTICO DE TODO O PERÍODO DE APLICAÇÃO PRÁTICA).
a). Pode-se estender ainda mais esse ponto culminante como sendo também de toda a Pedagogia da Espiritualidade.
     Para bem expressar esse valor do ato, foi montado um fluxograma de funções, causas e feitos que recebeu o nome de Esquema-Síntise do Período de Aplicação e cujo centro de gravidade é ocupado pelo educando em sua função de autor, agente, do atos.
     Para destacar esses valor, passa-se a expor todo esse fluxograma.

4.2.11. 1º ÁREA – OS INSUMOS1 ESPIRITUALIZANTES
a). Esses insumos são energias em forma de Dinâmicas Pedagógico-Espirituais que exerceram seu poder eficiente sobre os educandos na anterior Sessão de Trabalho Semanal. Foram as Dinâmicas de Conscientização, de Imaginação, Motivação e Preparação.




1“Insumos. Cada um dos elementos (matéria-prima, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc.), necessário para produzir mercadorias ou serviços” (DIC. Houaiss). Aqui empregados em sentido figurado.





b). Neste esquema do período de Aplicação, as Dinâmicas aparecem, porque os educandos trazem para este período nas suas mentes, ou consciência, a lembrança, do que puderam incorporar na Sessão de Trabalho em sala, na escola; para sentirem depois neste Período, fora da escola, e durante sete dias, dentro deles mesmos, estuando, essa força e influência para praticarem os atos almejados e para o que foram.

4.2.12. ESQUEMA-SÍNTESE DO PERÍODO DE APLICAÇÃO PRÁTICA
a). É uma radiografia do vigamento do Período de Aplicação Prática.
     Um ensaio de seqüenciamento da passagem dos insumos pedagógicos às vivências espirituais amoráveis pelos educandos.
b). O Esquema é composto por quatro áreas:
     1ª Áreas – convergente – situada à esquerda e mobiliada pelos insumos espiritualizantes;
     2ª Área – centralizadora – em posição central e ocupada pelos educandos e seus atos reais praticados com pouco esforço e espiritual;
     3ª Área – divergente – a direita do centro e lotada pelos oito hábitos em formação, ou já formados, das perfeições espirituais;
     4ª Área – divergente – direita (extrema), ocupada pelas amoráveis vivências espirituais dos educandos pedagogicamente preparados.
c). Alinha-se ainda como força eficiente sobre os educandos, embora distante deles, o educador, cuja influência moral e emocional se faz sentir sobre os educandos, porque remanescem no espírito deles, como acontece com todas as influências morais e emotivas.
     E não se pode desprezar as circunstâncias da cotidianidade, aquelas vivências do dia-a-dia, riquíssima em experiências de várias naturezas. Situações que desafiam os educandos em situações concretas, reais: “sou justo, ou não?”, “sou honesto, ou não?”, “sou verdadeiro ou mentiroso?”. São, essas – forças circunstanciais que atuam sobre os educandos nesses sete dias, formalizando as oportunidades de atos.
     É de alta relevância dinâmica a ação sobre eles da atenção expectante dentro deles mesmos, formando um estado de tensão em suas mentes de aguardo, de expectação.
     E, como último insumo eficaz e global todo o Ciclo de Desenvolvimento Espiritual composto pelas Sessão de Trabalho Semanal e pelo período de Aplicação Prática, cuja lembrança de conjunto nas mentes dos educandos atua submersamente: rejuntando todas as outras dinâmicas e forças para um efeito unitário, condensado.
d). CONSLUSÃO. Reconhece-se: o educando, nesses sete dias, é dono de sua livre vontade e pode ficar fora e isentar-se, ou mesmo desobrigar-se de todas essas influências benéficas, levados em conta os objetivos sadios e tão elevados da Pedagogia da Espiritualidade. Mas também é verdade que o educando não possa nesses dias evitar uma briga, receber um insulto, sofrer injustiças, padecer de esnobações, ser ridicularizado, tentado a uma ação desonesta, traído, ou ter ofendido alguém sem reparar o mal praticado, perder a amizade de alguém, etc. etc. É nessas ocasiões que o educando não pode, de modo nenhum, abster-se, sacudir de si, despojar sua alma dos eflúvios tão carinhosos, fraternos, afáveis e serenos do seu Educador da Espiritualidade. Contudo, também ardentes e convincentes, na sua indispensável eficácia pedagógica e didática. Sem imposição,, cobranças, doutrinação, ou assédio moral, proscritos desta Pedagogia, porque comprometeriam e abalariam a liberdade moral de agir, sufocando o mérito das boas ações, assim esvaziadas de qualquer efeito educativo.
Descerra-se assim à visão interior do educando o precioso “momentum” de pequenino degrau de ascensão espiritual. Por isso, após esse ponto crítico e culminante da prática efetiva do ato, o espírito do educando já não é o mesmo: deu um diminuto passo na escalada da espiritualidade, ou seja, na pontuação do extensão roteiro evolutivo de aprimoramento moral e espiritual. E ainda, a par de conseqüente e proporcional naco de felicidade. Sendo esta nada mais do que o gozo espiritual, o deleite, a fruição íntima das perfeições que a alma do educando vai progressivamente incorporando ao seu patrimônio anímico. Até a realização remota do Grande Almejo e glorioso Anelo: a consumação da progressiva e vagarosa formação dos hábitos das perfeições espirituais, ponto final do desenvolvimento integral delas.

4.2.13. 2ª ÁREA – CENTRO DE GRAVIDADE DO ESQUEMA
a). É ocupada pelos ATOS REAIS, porventura praticados pelos EDUCANDOS nesse Período.
b). Este centro é PONTO CULMINANTE, porque nele deságuam e convergem os nove Insumos Espiritualizantes: um leque homogêneo, e, por isso, sinérgico, desses Dinamismos Espiritualizantes, tanto dos educandos quanto dos seus atos das perfeições espirituais.
c). É PONTO CRÍTICO, porque neles, nos educandos, que o ocupam; acumula-se uma tensão1 insustentável, tendendo inexoravelmente para uma descarga de energia, ou distensão, que descarrega essa força moral e espiritual acumulada na prática dos atos almejados.





1Tensão, comparável à tensão elétrica que tende para a descarga, quando atinge um desequilíbrio crítico altamente instável de voltagem.





d). É PONTO DE MUTAÇÃO, porque nele se processa um metabolismo, dentro dos educandos, quando frente à oportunidade de ato, padecem de um conflito íntimo e moral entre o seu próprio bem (prática do ato) e o seu próprio mal (renúncia ao ato e conseqüente estagnação, desprezando a oportunidade que a vida cotidiana lhe oferecia de ascensão espiritual. Qualquer que seja a decisão do educando, a tensão dinâmica polivalente que trouxe da Sessão de Trabalho se transforma em bem-estar moral e espiritual (na prática do bem); ou em mal-estar, também moral e espiritual, e baixa-estima, (no caso da estagnação).

4.2.14. 2ª ÁREA – DOS HÁBITOS ESPIRITUAIS
a). Esta área abrange a totalidade das oito perfeições espirituais que compõem o Catálogo Curricular da Pedagogia da Espiritualidade.
b). Porém, retomam-se agora essas perfeições segundo uma visão mais funcional, ordenada à função de revestirem-se da forma bem mais desenvolvida de hábitos morais e espirituais que é o destino pedagógico final de todas essas oito perfeições espirituais: desenvolverem-se e transformarem-se em hábitos.
c). Não é nada eficaz, e muito menos suficiente, para a evolução do espírito humano, tanto individual quanto coletivamente, a prática aleatória escassa, assistemática, e até com débil intencionalidade dos atos das chamadas virtudes, valores, ou do que podem receber o nome de Perfeições Espirituais.
d). É no estado final de hábito que cada perfeição atinge a plenitude, o pleno desenvolvimento do seu potencial espiritual. Os educandos que atingirão esse nível, de determinada perfeição, já não dispendem nenhum esforço moral para praticarem os atos dessa perfeição, livre, espontânea e natural terão assumido: criarão uma segunda natureza, como afirmou Aristóteles.
e). Os atos adquirem seu máximo valor educativo quando, repetidos suficientemente, vão formando o hábito: o grande objetivo.
f) É o clímax da Pedagogia da Espiritualidade. Assim, cada hábito espiritual de uma perfeição é resultado do efeito cumulativo de uma grande quantidade de atos singulares dessa perfeição.
g). Alguns psicólogos admitem que cada ato de uma perfeição cometido exteriormente, deposita no inconsciente um pequeno resíduo que, acumulado por muitos atos da mesma perfeição forma, um hábito. Daí o automatismo, a facilidade do agente em praticar outros atos da mesma natureza, sem esforço.
h). Assim sendo, na área das funções superiores do Período de Aplicação Prática, cada ato cometido por todos os educandos nos vários Períodos de um Curso de 2 anos desta Pedagogia1 estão todos apontados para a formação dos hábitos.





1Cálculo: 2 anos – 16 meses letivos. 16 meses X 4 semanas = 64 semanas = 64 Períodos de Aplicação Práticas.
2Alguns analistas da Teologia Moral avaliaram a felicidade como a única recompensa justa do bem moral praticado.




4.2.15. 4ª ÁREA – DAS AMORÁVEIS VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS
a). Estas vivências subjetivas, também de natureza espiritual, são conseqüências de formação árdua e diuturna. Mas não são recompensas desses ingentes esforços pessoais, apesar de externamente meritório. O bem-estar moral, o deleite, a própria felicidade, todos de natureza espiritual, não podem ser ajuizados como prêmios ao esforço de aperfeiçoamento e evolução anímica. Tal recompensa subtrairia o teor moral desse comportamento. O lidimo valor moral não pode ser condicionado a uma recompensa futura. Por isso, é sempre conseqüência, mas certa e infalível, embora não deva ser visada pelo agente2: o bem puro não estabelece preço para sua conquista. Lembraria a venda das indulgências (recompensar) celestes instituídas pelo papa Leão X no séc. XVI (1517).
B). Nesta área acham-se registrados amoráveis, e afáveis vivências íntimas de ternos sentimentos, confiança, amor, deleites espirituais, felicidade, etc., como conseqüências do cultivo dos hábitos morais da caridade, indulgência, humildade, esperança, justiça, honestidade, veracidade e lealdade. Elas geram as conseqüências: o sentimento de dignidade, o deleite espiritual desses hábitos, a auto-estima, a empatia, o amor ao próximo a espiritualidade, e enfim, a felicidade.

     X – X —

4.2.16. DOS ATOS COM ESFORÇO AOS ATOS SEM ESFORÇO
a). O certo dos nove insumos pedagógicos espiritualizantes em torno do educando, este em posição central), visa representar a ação de induzi-lo a praticar os atos da perfeição focalizada. Para o que motiva o indispensável esforço pessoal.
b). Todavia, após longo tempo, formados os hábitos, pelo esforço pessoal e árduo do educando, os atos passam a ser cometidos praticamente sem esforço. Assim possibilitados pelo efeito cumulativo do automatismo psicológico na intimidade do educando.
c). Esse metabolismo força  à  automatismo está expresso no Esquema-}Síntese do período de Aplicação Prática, no trânsito do Centro de Gravidade (esforços do educando) para a área dos hábitos, sublinhando as flexas de cada hábito com a indicação “atos reais sem esforço”.


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