sábado, 22 de março de 2014

QUARTO TOMO - 3ª PARTE



DINÂMICAS DO FUTURO
E
TEMAS FINAIS

 EXPOSIÇÕES E PROPOSTAS DE UMA TEORIA FILOSÓFICA1
(para um possível entendimento da evolução espiritual da humanidade pela ação de suas dinâmicas históricas, aguardando futuros estudos histórico-científicos).
 
1Não compete à filosofia provar suas proposições; mas sim, demonstrar sua racionalidade e lógica. Provar é competência das ciências naturais da matéria.

                  Todas as dinâmicas históricas espiritualizantes tiveram um tempo primordial de surgimento, e a partir daí continuaram atuantes no decurso da história da humanidade, alcançando até os dias atuais. Algumas com eficácia crescente, e outras com eficácia decrescente (uma provável lógica).
                 É admissível que nos tempos mais remotos, tinham atuado mais as dinâmicas simples sem elaboração humana, e a cargo mais forte das leis e forças naturais, sem a participação da criatividade e inventividade humanas, conquista tardia do homem. E como partida subjetiva, dele, a inconsciente e paciente, talvez resignada, submissão às leis e fenômenos naturais, freqüentemente trágicos, mas não é claro como agente dessas leis.
                 Podem-se classificar essas dinâmicas mais naturais nos tempos primitivos como providos de alguma eficácia espiritualizante como as seguintes:

 a chamada “força mesma das coisas”;

 as conseqüências naturais dos atos humanos;

 os sofrimentos não-expiatórios (eventuais).
                 Após esse longo período primitivo, em que o homem não deixou de se espiritualizar1, embora precariamente, com forte teor materializante, é possível que tenham passado a atuar espiritualmente com mais sutilezas, e mais acentuada eficácia, as dinâmicas intermediárias:

1Considere-se a idéia obscura do espírito e de sua sobrevivência à morte física; os costumes funerários ordenados a essa sobrevivência; as artes mágicas, tabus e superstições do homem primitivo.
 
                

            a instrução (transmissão de conhecimentos úteis, pragmáticos (caça, pesca, defesa, abrigo das intempéries, magias medicinais, etc.).

            As práticas místico-religiosas, embriões de futuras crenças e superstições.
                 E assim percorreu o gênero humano, os períodos quaternário e pré-histórico dos povos agrafos.
                 A entrada na história (pelo domínio da escrita) surgem as comunidades que dispõem de novas dinâmicas espiritualizantes; proporcionadas pela escrita, mas predominando ainda o ensino e as tradições orais:

            a instrução (transmissão de conhecimentos);

            a literatura oral e escrita;

            a filosofia e o teatro (Grécia, Alexandria, Roma).
                 As dinâmicas históricas espiritualizantes deslancham com o advento do Cristianismo. E daí se institucionalizam na Idade Medieval.
                 A caridade agrega-se as demais dinâmicas dignificando-as e enobrecendo-as.
                 Desse modo, alcança-se o século XIX da Era Cristã, quando desponta em seus meados (1857), uma revalorização mais espiritualizada do Cristianismo pela Terceira Revelação do Plano Espiritual, quando vieram à luz do dia a ciência, a filosofia e a religião espíritas por obra do Codificador Allan Kardec, emergindo ao palco das dinâmicas espiritualizantes da humanidade.
E já tendendo a destravar o atual impasse da predominância do materialismo, agravada pelo refúgio das vivências espirituais no confinamento dos conventos, nas organizações místico-religiosas e organizações orientalistas.
                 Desponta assim na rota do desenvolvimento espiritual da humanidade novel e surpreendente dinamismo, mais espiritualmente incisivo, inelutável e indubitável: a Doutrina Espírita. Ocupando, ela a posição que lhe compete de incutir uma certa, necessária e irrecusável aceleração no ritmo evolutivo. Em que pese o atual campo de sua atuação praticamente confinada a uma única nação, o Brasil, com ainda excassas e heróicas repercussões no restante do mundo.

OBSERVAÇÕES
AO QUADRO DA VISÃO GLOBAL

                 GLOBAL1 – Pretende-se tentar uma visão abrangente e na perspectiva histórica do processo da progressiva e árdua luta pela espiritualização da humanidade.
Reconhece-se que na frágua muito  ardente de elaboração deste trabalho, tentou-se proceder a uma total profilaxia de qualquer subjetividade e reduzir ao mínimo a idealização. O que nem sempre foi possível. No entanto, alcançou-se uma certa inteligibilidde do processo histórico da progressiva espiritualização histórica do homem, ou, pelo menos, na direção geral dela.
                 JOGO2 – Identificou-se, na sucessão dos tempos, um jogo, uma troca de influências, na substituição de predominâncias entre as duas forças, ou fatores gerais, ou sejam, os impulsos da natureza e da cultura sobre os objetos dessa espiritualização, que são os homens, individualizados, ou coletivamente grupados em comunidades.
                 ETAPAS – TEMPOS3 – São as mudanças, ou substituições de predominância do fator eficiente do processo de espiritualização. Ora a natureza, ora a cultura, era predominante, ou ambas juntas, caracterizando assim cada uma das etapas.
Conseguiram-se distinguir três etapas segundo esse critério e atribuíveis a três tempos também sucessivos.

PRIMEIRA ETAPA
TEMPO (inicial), transcorrida essa etapa num tempo que recebeu a denominação de apenas inicial, para que não fosse identificada com algum nome restritivo e limitador (primitivo, por exemplo). O que “caracteriza” esse tempo é apenas que ele é inicial. Abre, inicia, o Quadro e este Estudo. Nada mais.

FATOR DETERMINANTE4 – É o fator eficiente determinante, preponderante nesta etapa da evolução espiritual. E que são as forças da natureza. Que podem ser tanto positivas (ao contento do homem), quando em oferta de recursos naturais para alimentação, abrigo, defesa, agasalhos, água, minerais, etc. Como também podem ser negativos (adversos ao homem, como os flagelos naturais, solo infértil, carência de água, de minerais, frio ou calor intensos, etc.
Tanto os fatores naturais favoráveis (positivos) ao homem quanto os adversos (negativos) podem favorecer, ou não, o processo de espiritualização, dependendo de muitas variáveis circunstanciais e do nível espiritual já alcançado pela coletividade.
Nesta 1ª tapa (inicial), o fator preponderante é a natureza, da qual o homem, nesse período inicial está tão junto e dela quase totalmente dependente, com reflexos decisivos no seu processo de espiritualização.

DINÂMICAS HISTÓRICAS6 – Nesta 1ª Etapa (inicial) prevalecem as dinâmicas históricas, internas à própria natureza e do mesmo teor dela como forças vassalas dela, a natureza. E esta na sua preponderância e força, reduz o outro fator, a cultura a um mínimo de eficácia espiritualizante.
É logicamente presumível que atuem nesta etapa inicial as seguintes dinâmicas históricas:

            A força mesma das coisas;

            Os sofrimentos não-expiatórios;

            As conseqüências naturais dos atos humanos (agradáveis ou funestas).
Vide o que sejam e como atuasse essas dinâmicas na 2ª parte deste Estudo.

EFICÁCIA ESPIRITUALIZANTE10 – Já se tinha verificado que essa eficácia era o resultado produzido pelo jogo entre natureza e cultura em seu duelo de milênios.
                 Cultura. Antropol. Conjunto de padrões de comportamentos, crenças, conhecimentos, costumes, etc. que distinguem um grupo social — Forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais morais, espirituais (de um lugar ou período específico)” (dic. Houaiss).
                 Cultura e natureza se distinguem. A cultura é produzida pelo homem; natureza é produto imanente (dela mesma).
                 EFICÁCIA MÍNIMA. Essa eficácia tão minguada de espiritualização é atribuída às três dinâmicas históricas acima alinhadas. E são duas razões  dessas minimização:
                 A inconsciência dos objetivos e do processo a que se acham submetidos os indivíduos, comunidades e povos desse período inicial.
A inconsciência ainda bloqueia a necessária correlação entre causa e efeito tão indispensável à eficácia do processo espiritualizante.
                 a ausência da intenção de espiritualizar-se do homem desse período.
A conjugação sinérgica desses dois fatores rebaixa a eficácia a um nível de insuficiência. Todavia, mesmo à revelia do objeto (o homem), a espiritualização tem curso, embora mínimo.

SEGUNDA ETAPA
TEMPO (medial). Situa-se entre o tempo inicial e o tempo futuro. Também aqui não se deve arriscar e cair na tentação de assimilar esse tempo a algum período histórico.
E este tempo, se caracteriza apenas por estar situado entre outros dois tempos (medial) como foi classificado.
FATOR DETERMINANTE4. Este fator, nesta 2ª Etapa é constituído por um encontro, mais ou menos equilibrado, da natureza com a cultura. Todavia, o fator natureza surge nesta Etapa enfraquecido, porque nenhuma das três dinâmicas históricas desta Etapa está ligada à natureza.

DINÂMICAS HISTÓRICAS6. Foram acomodadas nesta Etapa as seguintes dinâmicas históricas:
               

            A instrução (intelectual, convencional e tradicional), voltada para o conhecimento;
               

            O advento do Cristianismo (tanto em sua forma institucional quanto na espiritualista;
               

            A prática da caridade.
Todas essas três dinâmicas integram o domínio da cultura. Mas mantendo esta o jogo com a natureza remanescente das três dinâmicas da natureza da 1ª Etapa.

EFICÁCIA ESPIRITUALIZANTE10. Foi atribuída no Quadro uma eficácia média a essas três dinâmicas, a cujo nível foi acrescentado um “step” acima da inconsciência total da 1ª Etapa, e classificado agora como subconsciência (intermediária entre o consciente e o inconsciente).
                 Razões dessa eficácia média:

            Se o processo espiritualizante da 1ª Etapa foi produzido em estado de inconsciência e de não-intencionalidade (intenção ausente) é de se presumir uma etapa seguinte de progresso espiritual médio, sem o que não se alcançaria a Etapa consciente e plenamente intencional da 3ª Etapa.
É portanto uma dedução lógica.
O processo de espiritualização não pode queimar etapas intermediárias, e, num salto mágico alcançar o zênite da escala.
                 (LE – Q.127): “Os espíritos (assim como as crianças) não passam, sem transição da infância à madureza”.
                 (LE – Q.129): “P – Os anjos hão percorrido todos os graus da escala?
R – “Percorreram todos os graus (...)”.

TERCEIRA ETAPA
TEMPO3 (futuro). Esse tempo futuro, que não tem fim, representa todas as reais possibilidades de desenvolvimento espiritual, individual e coletivamente, das pessoas, comunidades, povos e nações.
Não se deve confinar esse período a qualquer tempo passado, nem ao presente. Mas apenas e simplesmente como futuro. Que está para vir, com todo o seu rico acervo de oportunidades de crescimento coletivo da espiritualidade.  E até com o surgimento de novas, surpreendentes e ricas dinâmicas históricas, ainda desconhecidas.
Por isso, esta 3ª Etapa nada encerra, nada tampa, fecha, represa ou bloqueia. Ao contrário, abre, descerra para a humanidade novos e insondáveis compartimentos de luzente esperança.

FATOR DETERMINANTE4. Cresce e se impõe nesta 3ª Etapa (futura) o fator cultural humano, sobrepondo-se ao fator natureza. Mas que esta, a natureza, não deixa de se apresentar aqui ou ali, embora na mesma rota de desenvolvimento traçada pela cultura. Com novas e atualizadas instituições escolares, com, aperfeiçoadas e eficazes pedagogias de ponta, com recicladas estruturas religiosas, renovando princípios teológicos. Todos dentro da moldura geral de purificada espiritualidade.

DINÂMICAS HISTÓRICAS6. Foram registradas neste campo do Quadro três dinâmicas históricas:

            Educação (pp. – propriamente dita) que é a educação da alma;

            Pedagogia da Espiritualidade;

            A Doutrina Espírita.
Essas dinâmicas deitam suas raízes num passado recente (meados do século XIX) com a codificação de uma doutrina filosófica, científica e religiosa, denominada de Espiritismo.
As duas primeiras dinâmicas espiritualizantes acima listadas, na verdade, estão dentro do largo espectro conceitual da terceira, a Doutrina Espírita, e dela extraem o seu vigor pedagógico e espiritual.
Contudo, as três, de per si consideradas, alcançaram a modernidade (século XX/XXI), as duas primeiras embrionariamente no bojo de sua matriz, a Doutrina Espírita. Porém, só a Doutrina Espírita, transplantada da França para o solo fértil do Brasil, desenvolveu-se e empolgou alguns milhões de adeptos. Um ainda excasso contingente comparado com a demografia de outras confissões religiosas.
Por isso, como futuro, são essas três dinâmicas tributárias (dependentes) desse futuro, que se apresenta para elas como a promissora possibilidade de expansão para o resto do mundo.1

 1Vide mais adiante este tema mais desenvolvido e fundamentado em irretorquíveis textos doutrinários.
 
EFICÁCIA ESPIRITUALIZANTE10 – Estimou-se que essa eficácia das três dinâmicas atinja, num futuro imprevisível, um nível que se aproximará da máxima eficácia espiritualizante.
Razões dessa estimativa:

            A plenitude da conscientização do processo;

            A robusta e clara intencionalidade na consecução dos objetivos espirituais;

            A confluência das três dinâmicas nas almas dos educandos, quer formais (escola, lar, centro) quer informais (a vida comum e cotidiana, do dia-a-dia.
Esse impacto direto das três dinâmicas sobre as almas é possível, porque as “cargas” educativas e morais lançadas na direção delas são da mesma natureza espiritual dos objetivos: os espíritos dos destinatários. Não haveria, portanto, repulsões e rejeições. E sim acolhimento, recepção e nidificação2 desses valores no estojo anímico, enriquecendo-o moral, social e espiritualmente.
 
1Integrantes congênitas da Doutrina (desde 1857) e não complementos, ou acréscimos, anexos tardios, etc. Essas dinâmicas nasceram com a própria matriz e comodamente dentro dela podem atuar.
2Aninhar, receber em ninho.
 
CRITÉRIOS DE ORDENAMENTO (das dinâmicas)
1º - Dispõe-se deste Quadro como uma tentativa modesta de vislumbrar um panorama temporal da evolução espiritual da humanidade.
2º - Não é técnica e cientificamente histórico, porque se procurou apenas proceder a uma estimativa temporal rudimentarmente histórica.
3º - Estendeu-se o tempo por três etapas sucessivas, sem identificá-las com qualquer período histórico bem definido. O que facilitou uma visão global dessas dinâmicas históricas para captação de três etapas supostas (inicial – medial e futura).
4º - Procurou-se estimar quais as que poderiam compor a 1ª faixa, a 2ª e a 3ª, em ordem decrescente de eficácia espiritualizante.
5º - Todavia, considerou-se que as dinâmicas mais submetidas às forças da natureza deveriam ocupar a 1ª faixa. As mais ordenadas à cultura (humana) dentro de uma lógica evolutiva, foram locadas na 3ª faixa. E as três restantes foram arrumadas no espaço entre a 1ª e a 2ª faixas, como participantes, do mesmo tempo, da natureza e da cultura.

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