quarta-feira, 29 de maio de 2013

ESTUDO DA OBRA: FILOSOFIA ESPÍRITA DA EDUCAÇÃO - PARTE 3

i) Por contato dos perispíritos, de Espírito emancipado a pessoa viva: “É o mesmo caso anterior, mas em sentido inverso: o Espírito de uma pessoa viva em estado de emancipação exercendo ação educativa sobre o Espírito de pessoa viva em estado de vigília. Teríamos nesse canal o Espírito emancipado de uma pessoa viva, como educador, influindo sobre o Espírito de outra pessoa viva acordada (educando). Atualmente, a ciência passou a interessar-se vivamente sobre a ciência do sono e do sonho. Inúmeros centros de pesquisas em universidades americanas e européias já têm liberado valiosas conclusões que irão lançar novas luzes sobre o conhecimento da alma em estado de emancipação”.65 (LE – Q.455 -3, 9 e 17).
j) Por contato dos perispíritos, de Espírito desencarnado a Espírito de pessoa viva emancipado: “O Espírito na erraticidade aproveita a ocasião do sono ou do estado sonambúlico da pessoa viva para atuar com mais facilidade sobre seu Espírito sob a forma de influência geral, instrução, conselhos, etc.” 66
(LE – Q. 402 -1; 408, 410, 431, 455); (OP – p.51 a 52, 62); (LM – XIV, 172-1).
k) Por contato dos perispíritos, de Espírito emancipado de pessoa viva a Espírito desencarnado: “O sentido desse canal é recíproco ao do canal anterior. O Espírito emancipado, se superior a um desencarnado, poderá influir beneficamente sobre ele através da doutrinação, ou de outros processos educacionais”.67 (LE – 402, 3 e 455,79).
l) Por contato dos perispíritos, de Espírito desencarnado de um mundo superior a Espírito emancipado desse mundo: “Se os Espíritos podem ser degredados para um mundo inferior, punitivamente, também podem, em missão elevada, entrar em contato com Espíritos deste mundo em estado de emancipação”.68 (LE – 402,1; 440; 455).
m) Pelo fluído universal, de Espírito desencarnado de outro mundo, superior, a Espírito desencarnado deste mundo: “Este canal extrapola os dois planos da vida terrena, o material e o espiritual. O princípio da solidariedade entre as diversas categorias de mundos, desde os primitivos até os mundos celestes, já aponta para a admissão de um canal de comunicação intermundos. Temos de admitir a plena realidade de uma Educação Interplanetária. Um dos processos pelos quais se efetiva essa solidariedade pedagógica é a descida de Espíritos purificados a mundos inferiores para instruírem os Espíritos atrasados aí situados”. (LE – Q. 113, 188, 233, 282, 455, 495).
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65 Idem.
66 Idem, p. 171
67 Idem.
68 Idem.


3.5.2 – Monumentalidade e Funcionalidade da Rede de Canais de Comunicação:

A sua monumentalidade e estrutura de liames ligando educadores a educandos formam um imenso mecanismo docente discente, “reunindo todos os níveis da vida desde os físicos e terrenos até os da mais elevada espiritualidade. Seus alicerces são os processos sensoriais da educação convencional, mas sobre os quais se elevam outros níveis”.69
“Se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes interligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal”. (OP – p. 118).

3.5.3 – Doutrinação de Espíritos como Processo de Educação:

“Apesar de só encontrarmos duas passagens na Codificação sobre essa prática, de há muito que as sessões mediúnicas receberam a sua carta de licenciatura e encontraram sua razão de ser que não a mera curiosidade ou passatempo inconseqüente. E foi no mister educativo que o mediunismo assumiu o seu mais nobre e verdadeiro papel: o mediunato pedagógico, apesar de haver muito ainda a explorar e orientar nesse sentido”.70
(LM – XXIII, 254,5); (LM –XXIII, 249); ((CI – 1º, XI,15).

3.5.4 - Desobsessão de Obsidiados, Encargo da Educação:

“Eis aqui uma outra classe de educandos: de um lado, o Espírito obsessor e, de outro, sua vítima. Situam-se eles numa relação pedagógica sui generis : cada um deles, surpreendentemente, concorre para a reeducação do outro, apesar de inimigos vindos do pretérito espiritual em verdadeiro exercício dialético educativo redutor, através das vidas sucessivas, no decurso das quais as posições (algoz/vítima) se alternam. A cura da obsessão depende, principalmente, para ser permanente e radical, do aperfeiçoamento moral de ambos os pólos da oposição obsessor/obsidiado. E este é um mister da ação educativa: a) de um terceiro com ascendente moral e energia de vontade sobre ambos; b) da ação recíproca e menos primária e perversa, de um sobre o outro.”71 (LM – XXIII, 249; 252; 254); (GE – XIV, 46); (LE – Q796; 912).
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69 Idem, p. 172.
70 Idem, p. 173 -174.
71 Idem, p. 175.


3.5.5 – A Vida Terrena e Espiritual Como Dois Momentos Recíprocos e Consecutivos da Educação:

“Podemos considerar que, pedagogicamente, as atividades educacionais terrenas são uma preparação para a vida espiritual subseqüente; e que a educação entre os Espíritos é, da mesma forma, a preparação para a vida material: são dois condutos recíprocos e consecutivos. [...] Esta é a visão da Filosofia Espírita da Educação. Qual o valor dela para o pedagogo e o educador? Primeiro, eles saberão que o educando, mesmo uma criança, nos seus primeiros passos escolares, já foi mais ou menos trabalhado pela educação, na vida espiritual que antecedeu ao seu renascimento. Esses valores e conhecimentos que dormitam no âmago do perispírito (inconsciente) cumpre ao educador tentar identificá-los e reconhecê-los, porque, de alguma forma velada, ou metamorfoseados em idéias, ideais, objetivos, tendências, intenções, etc., eles sempre se apresentam. Segundo, levará em conta também o educador espírita que a formação do seu discípulo prosseguirá, mesmo além do termo da vida física. Quanto ao pedagogo espírita, em análise atenta, não mais poderá visualizar a educação por compartimentos estanques e descontínuos, limitada ao estágio berço-túmulo, como quem se dispusesse a compreender toda a história de uma nação estudando apenas um episódio.”72

3.5.6 - Educação de Adultos, Nova Dimensão:

“Num enfoque pedagógico espírita, a educação de adultos [...] ostenta novos contornos, adquire novas dimensões, assume múltiplas expressões. Se o adulto, em qualquer idade, é também um educando, a morte desveste-se do seu sentido trágico de termo final da vida e da educação. [...] Nos países mais desenvolvidos, a educação de adultos visa à capacidade das pessoas a adaptarem-se ao meio social em contínua mudança. Num estágio mais ambicioso, a finalidade é dar consciência crítica desta mesma sociedade para transformá-la. Nos países em desenvolvimento, a alfabetização tem prioridade absoluta. [...] Sem desprezar os objetivos mais fundamentais, a educação espírita de adultos visaria também a uma integração de criatividade e afetividade, de amar o bem e a beleza, sabendo senti-los; a aceitação de si mesmo e a convivência com o próximo; relação entre pais e filhos e entre os cônjuges. Focalização das vivências das últimas fases da vida material: aprender a envelhecer, o valor da velhice, a preparação para o desencarne e aprender a morrer. Mas, principalmente, preparação para a vida espiritual consecutiva: processo desencarnatório, o estado agônico, as primeiras impressões após o desenlace, as relações com os outros Espíritos, as atividades no plano espiritual, as comunicações com o plano material, a tomada de consciência da nova situação como desencarnado, o desvalor da matéria uma vez deixada para trás, atitude ante a parentela, a família e amigos separados no plano físico, etc.” 73
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72 Idem, p. 176-177.
73 Idem, p.177.


4 – COMO É O EDUCANDO?

“A pergunta como é o educando pretende apontar para a natureza moral do homem. Será o ser humano, intrinsecamente, mau ou bom? A maldade é apenas acidental ou integra a natureza humana? A criança é congenitamente boa, como proclamava Rousseau, ou já nasce pervertida, como propuseram Spencer, Schopenhauer, Freud e os reformadores religiosos Lutero, Calvino, Melanchton e Zwinglio? Estará correto o realismo cristão que admite no homem apenas uma ligeira inclinação para o mal com suas raízes no pecado original? Locke não estaria com a razão ao anunciar que a alma da criança ao nascer é como uma tabula rasa ou uma folha em branco, portanto, sem nenhum vestígio nem de maldade nem de qualquer bondade? [...] A resposta a essa fascinante indagação irá conformar os respectivos sistemas disciplinares. Indicará a atitude do educador ante os discípulos. Imprimirá contornos aos princípios de seleção dos conteúdos formativos e, ainda, determinará a organização das classes e o reconhecimento da individualização do ensino.” 74

4.1 – SOLUÇÃO DA FILOSOFIA ESPÍRITA DA EDUCAÇÃO:

4.1.1 – Relativismo:

“A solução espírita pode ser chamada de RELATIVISTA, porque o estado ou nível moral do nascituro é relativo ao progresso já realizado em vidas anteriores, portanto, nem necessariamente bom, nem necessariamente mal.” 75

4.1.2 – Duas Origens do Espírito:

“É preciso distinguir duas origens. Primeira (absoluta e única), a da criação do Espírito por Deus; segunda (relativa, recorrente, múltipla), a dos inúmeros renascimentos físicos desse Espírito, na alvorada de cada encarnação.” 76

4.1.3 – A Origem Absoluta do Espírito:

“Na primeira origem, a propriamente dita e primordial, em época e modo desconhecidos, os Espíritos foram criados simples e ignorantes, isto é, sem o conhecimento do bem e do mal, mas com aptidão para tudo conhecerem e para progredirem em virtude do seu livre arbítrio. Nessa condição, são eles, eticamente falando, como uma folha em branco, virgens de maldade ou bondade. Portanto, não são nem bons nem maus (não confundir com espíritos neutros, que já evoluíram, mas oscilam entre o bem e o mal). Todavia, já começa o recém criado Espírito a distinguir, muito confusamente, o bem do mau e a sentir um mínimo de responsabilidade. Inicia-se muito incipientemente a vida moral. (LE – Q. 607ª); (GE – XI, 23 -4).” 77
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74 Idem, p. 181.
75 Idem, p. 195.
76 Idem.
77 Idem.


4.1.4 – A Origem Recorrente do Espírito:

“Na segunda origem (recorrente), na qual (ou nas quais) o princípio espiritual se une ao material pela participação dos pais biológicos, o Espírito reencarnante já está agravado ou atenuado pelo seu pretérito, pelos seus atos livres – bons ou maus – cuja responsabilidade tem que carregar. Já não se pode dizer que não é bom nem mau. Agora, ou ele é mau, diga-se melhor, imperfeito ou atrasado, se as imperfeições preponderam na sua economia moral íntima; ou ele é bom, ou melhor, evoluído, se no balanço dos pesos e contrapesos éticos o bem é dominante.” 78

4.1.5 – Aperfeiçoamento Progressivo:

“Através das sucessivas reencarnações vai-se processando um aperfeiçoamento progressivo e lento para o equilíbrio ético e, ulteriormente, para um predomínio do bem, cada vez mais acentuado.” 79

4.1.6 – A Transitória Inclinação para o Mal:

“A natural inclinação para o mal resultante da falta original não é aceita, pelo menos como estado permanente. A inclinação para o mal é transitória, embora de longa duração num primeiro ciclo de numerosas encarnações e não é comum a todos os encarnados.” 80

4.1.7 – A Perfeição Relativa:

“O Espírito humano está endereçado pelo Criador à perfeição relativa e à fruição da felicidade correspondente, sem que essa intenção divina esteja dimensionada pela fatalidade cega, a qual apenas é pertinente apenas ao gênero de provas, expiação ou missão que o Espírito escolhe antes de encarnar. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral (LE – Q.872). O Espírito progride pela sua vontade e não fatalmente contra ela e, por isso, cabe-lhe o mérito do progresso conquistado (CI – IX,21).”81

4.1.8 – Do Estado Aético à Perfeição Ética:

“Essa progressão moral do Espírito desde a sua criação até a perfeição poderia ser balizada didaticamente por estágios, nem estanques nem compartimentados, mas sim interpenetrados:

a) Estágio ético inicial: Espírito em embrião – nem bom nem mau – estado aético.
b) Estágios éticos intermediários:
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78 Idem, p. 195 -196.
79 Idem, p. 196.
80 Idem.
81 Idem.


Espírito mau – mais (mau) do que bom – estado de desequilíbrio ético negativo;
- Espírito neutro – tanto mau quanto bom – estado de equilíbrio ético;
- Espírito bom – mais (bom) do que mau – estado de desequilíbrio ético positivo;
- Espírito superior – quase totalmente bom – estado de quase perfeição ética.
c) Estágio ético final: Espírito puro – totalmente bom – estado de perfeição ética.” 82

4.1.9 – Os Espíritos Neutros: Educandos por Excelência:

“Para o filósofo espírita, na Humanidade terrena convivem, nos dois planos da vida, espiritual e carnal, Espíritos em graus diversos de bondade e de perversidade. Mas, entre eles predominam os Espíritos Neutros, isto é, tanto maus quanto bons. Condicionados, assim, pelo equilíbrio ético. (LE – Q.872). [...] Em que pese o disposto em (EE –III, 4), como pedra de tropeço, por capitular a Terra como mundo onde domina o mal confirmado em (LE – Q.872 -11), ainda assim mantemo-nos em nossa tese: 1º) porque o Espírito neutro, na Terra, podendo pender tanto para o mal quanto para o bem, só poderia equilibra-se ou mesmo inclinar-se para o bem pela força da Educação. Se assim não acontece é porque a Educação é uma das maiores carências da Humanidade, a par da alimentação.[...] Daí a maior tendência dos neutros para o mal; 2º) a timidez dos bons e a audácia e arrogância dos maus (LE –Q. 932).
Dispomos para nossa tese de incontestável e decisivo aval do próprio Kardec: Entre os maus [da Terra] muito há que apenas o são por arrastamento e que se tornariam bons, desde que submetidos a uma influência boa (OP – p.243). Infere-se dessa conjuntura da nossa Humanidade, o extraordinário valor da educação.” 83

4.1.10 – Terra, o Planeta da Educação.

“Podemos asseverar que o nosso mundo terreno, no seu atual grau coletivo de evolução, é o planeta dos Espíritos Neutros e, como tal, e por isso mesmo, é o planeta da Educação, porque esses Espíritos Neutros são educandos por excelência. [...] Por isso, o maior esforço do homem deve ser direcionado para a educação. Ao contrário, seria desprezar ou postergar a feliz oportunidade que o equilíbrio ético, justamente por instável, manifesta e oferece. Pode apresentar oscilações mais freqüentes para o lado negativo. A atual onda de violência e de conflitos é o sinal e a advertência perversa do desprezo pela educação. É a frustração da vocação planetária, da oportunidade cósmica da evolução oferecida pelo Universo à Humanidade terrena. Qual o fator gerador mais profundo, anímico, do terrorismo, por exemplo? Não seria a insegurança existencial de Espíritos Neutros instáveis?
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82 Idem, p. 196 -197.
83 Idem, p. 197- 198.


Desprovidos por isso mesmo da autoconfiança, projetam a sua instabilidade ética sobre as sociedades organizadas e passam a agredi-las nas suas personalidades e instituições mais representativas. Por todas essas razões, a Doutrina Espírita exclui qualquer outro fator para o aperfeiçoamento e o progresso do homem que não seja a educação, e sentencia: Só a Educação poderá reformar os homens (LE – Q. 796). [...] É pela Educação mais do que pela instrução que se transformará a Humanidade (OP – Credo Espírita). A Educação convenientemente entendida constitui a chave do progresso moral (LE – Q. 912).” 84

4.2 – CONSEQUÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA SOLUÇÃO ESPÍRITA:

4.2.1 – Classes Homogêneas.

“Se há acentuada variação entre os graus de evolução dos educandos, é recomendável a constituição de classes homogêneas no âmbito da mesma série, tanto quanto possível. A presença dos mais atrasados frearia o progresso dos mais adiantados. Os Espíritos também se reúnem de acordo com seus níveis espirituais. Os mais elevados só convivem com os inferiores para instruí-los, ou em cumprimento de missão. O princípio da homogeneidade [...] penetra toda a Codificação, inclusive na doutrina das migrações coletivas de um mundo para outro.
A homogeneidade intelectual, em parte é assegurada nas escolas pelo sistema de seriação e promoção. Em parte, dissemos, porque a Filosofia Espírita da Educação recomenda compartimentação bem mais acentuada. Mais problemática do que essa dificuldade, no atual panorama educacional do mundo, será a implantação do mesmo princípio quanto aos níveis espiritual e moral dos educandos. Essa dificuldade poderá, em termos administrativos, ser bastante atenuada se levarmos em conta a possibilidade de que essa homogeneidade tenha por âmbito não a unidade escolar e sim um sistema escolar comunitário, regional, estadual ou nacional. Enfim, ao questões [para o futuro].”85

4.2.2 – Ensino Individualizado.

“Nos distanciamentos de graus evolutivos mais extremos, a educação deverá ser individualizada, através de técnicas próprias, visando atender às diferenças pessoais mais acentuadas. [...] Em que pese estar a maioria dos Espíritos encarnados na Terra em geral situados na faixa de Espíritos neutros, apresentam matizes e graus bem diferenciados, como nos indica (LE – Q.97).

4.2.3 – Controle Disciplinar.

“Para as classes dos pouco evoluídos e endurecidos, deve-se usar de toda a autoridade possível, a par de um sistema de disciplina preventiva, sem recusar o repressivo, se necessário; mas aplicá-lo com bondade. Tal preceito é uma
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84 Idem, p. 198 -199.
85 Idem, p.200


consequência da índole rebelde dessas classes, sem o qual não se efetivaria o processo educativo.
Um sistema disciplinar espírita deve, porém, ser definido segundo seis coordenadas:
1ª) „a subordinação não se achará comprometida quando a autoridade for deferida à sabedoria‟ (LE – Q. 878a);
2ª) „a autoridade [...] está subordinada à superioridade moral‟ (OP – p.70);
3ª) „punição temporária e proporcional à culpa e recompensa graduada segundo o mérito‟ (CI – 1ª,V,9);
4ª) „a responsabilidade é proporcional ao grau de adiantamento‟ (GE – III, 10 -2);
5ª) „a obediência é o consentimento da razão‟ (EE – IX, 8);
6ª) „o dever é o mais belo laurel da razão:descende desta como de sua mãe, o filho‟ (EE – XVII, 7 – 4).”

5 – O HOMEM É EDUCÁVEL?

“Toda educação, todo esforço pedagógico carrega, é evidente, o pressuposto de que o ser humano seja educável. [...] O historicismo dos fatos educativos postula a plasticidade humana, sensível à influência e à ação aperfeiçoante dos educadores. [...] As barreiras naturais opostas à educação, vistas pelo filósofo espírita, são bem mais altas do que quando olhadas ilusoriamente por outros pensadores, considerados os limites estreitos de apenas uma vida. Mas, também é verdadeiro que as fronteiras se ampliam quase ao infinito, divisada a existência total do Espírito.
Confluem nesse problema as fascinantes questões do inatismo, empirismo, determinismo, hereditariedade, ação do meio físico e social, as quais exigem respostas do arsenal doutrinário espírita”.86

5.1 - SOLUÇÃO DA FILOSOFIA ESPÍRITA DA EDUCAÇÃO:

5.1.1 – Nem Otimismo, nem Pessimismo.

“A Filosofia Espírita da Educação não pode aderir ao otimismo pedagógico, [segundo o qual o homem seria integralmente formado pela ação educativa, uma vez que nenhum de seus predicados seria inato87] por incorporar o princípio das vidas sucessivas e, por essa via, as idéias inatas. Também não pode avalizar o pessimismo pedagógico [segundo o qual a educação não
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86 Idem, p. 205.
87 Idem, p. 206.


poderia vencer o bloqueio da hereditariedade e do meio físico e social88] porque reconhece a enorme eficácia do poder da educação no aperfeiçoamento do homem e por não consagrar a idéia da fatalidade nos atos da vida moral, tão vinculados à educação”.89

5.1.2 – Tendência para o Realismo Pedagógico.

“A Filosofia Espírita da Educação aproxima-se do realismo pedagógico [segundo o qual a criança é educável, mas não pode transpor certos limites impostos pelos seus condicionamentos psicológico e biológico hereditários90] que representa um meio termo entre as duas posições radicais anteriores. Entretanto, a solução espírita participa das duas posições, polarizadas por motivos diferentes do realismo, por uma cosmovisão muito original e exclusiva”.91

5.1.3 – Posição Singularíssima.

“A posição espírita, no ponto de vista da educabilidade do educando, é singularíssima. Participa do pessimismo pedagógico, quando confina a sua visão aos limites estreitos de uma única encarnação. Surpreendentemente, mantém alguma afinidade com o otimismo, quando vislumbra não determinada encarnação, mas a evolução total do Espírito. Em suam, a Filosofia Espírita da Educação tem um componente otimista, um componente pessimista e, ainda outro, realista”.92

5.1.4 – Educabilidade Integral.

“À luz da romagem do Espírito para a perfeição, a educabilidade do homem é integral, completa e garante, com o aval divino, a sua realização final como puro Espírito. Essa educabilidade total é uma inferência:
a) da natureza invencivelmente progressiva do imbatível Espírito humano, aberto, receptivo em menor ou maior grau, às transformações educativas. É um estado de permanente abertura a todo o processo cumulativo de perfeições escalonadas no decurso de sua longa e sofrida rota. É como se fora um estado de graça;
b) da condição interior de perfectibilidade que acompanha o Espírito desde a sua criação como uma estrutura ou enteléquia psíquica submersa na sua mais recôndita intimidade;
c) do dever de progredir: se todo Espírito tem o dever de progredir incessantemente até atingir a meta (GE – XI, 9), então, esse dever imposto pelo Criador deverá, por um mínimo de princípio de justiça e mesmo de
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88 Idem, p. 208.
89 Idem, p. 218.
90 Idem, p. 210.
91 Idem, p. 218.
92 Idem, p. 218.


coerência exigível, corresponder a uma possibilidade real [...] e ainda a um poder interno”.93

5.1.5 – Os Limitadores da Educabilidade.

“A educabilidade, mesmo assim, só a vemos como total na visão amplíssima do roteiro espiritual e pousada no ponto em que atinge a perfeição. Contudo, enfocando cada posição intermediária, a educabilidade é reduzida pelos fatores de limitação abaixo distribuídos e classificados em esquema.


5.1.6 – Educabilidade Progressiva.

“A própria educabilidade é também progressiva: vai-se ampliando na proporção em que o Espírito avança na senda do seu aperfeiçoamento. Assim considerada, é ela imanente ao processo educativo, numa relação de causalidade bilateral, isto é, participa ao mesmo tempo da causa e do efeito da educação. È uma consequência da aceleração evolutiva.” 95

5.1.7 – Prova, Hereditariedade e Educabilidade.

“O instituto espiritual e doutrinário da prova, que o Espírito escolhe livremente antes de reencarnar, vincula-se à educabilidade porque lhe imprime contornos definidos previamente, na própria escolha livre, temperando a tirania da hereditariedade e o guande do meio físico e social”.96
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93 Idem, p. 219.
94 Idem, p. 221.
95 Idem, p. 219.
96 Idem, p. 219.

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