4.5.
QUINTA DINÂMICA HISTÓRICA
DE
DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE
PELA
EDUCAÇÃO
PROPRIAMENTE
DITA
(EDUCAÇÃO
MORAL, SOCIAL, CÍVICA E ESPIRITUAL)
(VISA
AO COMPORTAMENTO — À EDUCAÇÃO DA ALMA)
4.5.1.
CONCEITUAÇÃO
a)
Trata-se não da educação “lato sensu” e abrangente
generalizante, mas sim da educação “scrip sensu”, em sentido estrito e
específico, ou seja, da educação propriamente dita. Bem distinta da educação
genérica convencional. E, mais ainda, da instrução (conhecimento). Educação
específica e instrução podem ambas tratar da moral, porém, a segunda,
interessa-se pelo conhecimento moral e a educação propriamente dita, visa a
prática efetiva da moral, motivando os educandos para o cometimento cotidiano
de atos dos valores morais.
b) Ora, o comportamento — envolvendo
a responsabilidade do agente, que deve, por isso, responder1 pelos
seus atos; que é livre para praticar o bem ou o mal (livre-arbítrio) — só pode
ter por fonte e origem a alma. A matéria orgânica, por perecível e degradável,
mutável não pode ser fonte dessa responsabilidade. E abstraindo o orgânico e
físico do homem, só resta a alma, que decide, optar por este ou aquele ato, ou
comportamento que é o alvo desta dinâmica histórica da educação propriamente
dita (moral, social, cívica e espiritual).
1Responder: ser ou ficar responsável;
responsabilizar-se (todo cidadão maior responde pelos seus atos) (dic.
Aurélio).
E acrescente-se, responder é ser responsável, por
ter alma. Porque o corpo físico não passa de matéria organizada, e, por isso,
não pode ser responsabilizado por nada: está subjugado à alma, a quem deve
obedecer.
c) Assim argumentado, não se
pode deixar de acolher a idéia de que essa educação, assim conceituada, visando
ao comportamento livre e responsável, seja a educação da alma.
d) Bem diferente, portanto, da
instrução (conhecimento intelectual): um conhecimento, como conhecimento, e só
conhecimento sem os atos livres1 não pode ser taxado de moral ou
imoral. O comportamento sim. E a moral é um apanágio exclusivo da alma.
1RESSALVA:
a instrução, como educação para o conhecimento, e só como conhecimento, e
apenas transmissão deste aos educandos, em si mesmo não é moral nem imoral. É
apenas amoral. Confirma-se. Contudo, ele pode envolver atos livres morais ou
imorais, envolvendo, responsabilidade da alma do mestre e daqueles que recebem
esses conhecimentos.
— se esses conhecimentos são
morais ou imorais;
— se a transmissão é sincera
ou não de parte do mestre;
— se o mestre está cumprindo
bem o seu dever e correlatos princípios morais
e) Essa educação, assim
compreendida, também se identifica em parte com a educação pelos valores
humanos, cujos conteúdos são idênticos. Esses valores são as mesmas perfeições
espirituais da Pedagogia da Espiritualidade: caridade, esperança,a humildade,
indulgência, justiça, honestidade, veracidade, lealdade, etc.
f) Não obstante, verifica-se
uma nítida diferenciação. A educação pelos valores humanos absorve os contornos
da instrução, visando apenas ao conhecimento dos valores; enquanto, a educação
propriamente dita se destaca principalmente pela didática da prática efetiva,
concreta desses valores (chamados de perfeições) na vida cotidiana e simples,
isto é, do dia-a-dia de cada educando.
4.5.2.
HISTÓRICO
a) O PROBLEMA. Existiria um
histórico da Educação Propriamente Dita, ou seja da Educação Moral, Social,
Cívica e Espiritual. Para comportamento humano? Como existiu e existe a
Instrução (Educação Intelectual para o conhecimento), já verificada na 4ª
Dinâmica Histórica? Se existe ainda, concorreu ela para a espiritualização da humanidade?
b) ANÁLISE DO PROBLEMA (via
indireta, pela Codificação Espírita).
— Pode-se identificar no
decurso dos tempos históricos três confrontos, muito integrados entre si, mas
com ângulos de visão diferentes:
Intelectualidade X
Moralidade
Ciência X Moral
Instrução X
Educação
c) Os fatores móbilos
(moventes) estão na 3ª linha de oposições; os fatores móveis (movidos, ocupam
as 1ª e 2ª linhas e segundo o sentido das flechas (de baixo para cima).
d) Quais têm sido os fatores
mais preferidos prestigiados, decisivos e preponderantes na evolução da
humanidade desde os tempos primitivos até os dias de hoje?: os três da 1ª
coluna (instrução, ciência e intelectualidade? Ou os da 2ª coluna (educação,
moral e moralidade)?
e) ENSAIO DA RESPOSTA. Até
meados do século XIX, segundo um ensaio de Allan Kardec1 sobre a
sucessão histórica das aristocracias (o poder dos melhores), teria havido a
seguinte seqüência:
1Em
suas “Obras Póstumas” (As Aristocracias).
1ª
os patriarcas (anciãos) — 2ª os chefes militares (os fortes) — 3ª os bem
nascidos (os nobres) — 4ª os ricos (o
dinheiro) — 5ª os inteligentes (a competência econômica) — 6ª a aristocracia
intelecto-moral (reunião da inteligência com a moralidade).
f) Todas as quatro primeiras
aristocracias foram históricas, isto é, foram vigentes em suas épocas. A 5ª
aristocracia (a dos inteligentes) era a vigente no tempo de Kardec. E a 6ª (a
intelecto-moral estava nos meados do século XIX por vir (veja-se: será... tempo
futuro). E está por chegar até hoje, século XXI. Ou alguém poderá hoje avaliar
que as nações contemporâneas estejam regidas por aristocracias
intelecto-morais...???1
CONCLUSÕES. 1ª - As cinco aristocracias que
antecedem a que está por vir, nenhuma delas exibe o fator moralidade. Esta
nunca integrou qualquer governo. E para o futuro é um vaticínio de Kardec. “O
Reino da moralidade” como ele caracteriza.
1“Fora tola pretensão dizer-se que a humanidade
chegou ao apogeu...” (Kardec). — “No estado atual das coisas, os maus estão em
maioria e ditam a lei dos bons”(K).
2ª - A moralidade jamais triunfou e tem sido uma
muito escassa minoria. É verdade que foi recomendada pelos sistemas religiosos
das variadas confissões, mas desprovidas de uma pedagogia (ciência) específica
para essa educação propriamente dita, a EDUCAÇÃO DAS ALMAS.
CONCLUSÃO FINAL. O panorama histórico desta 5ª
Dinâmica Espiritualizante da humanidade não atingiu a sua culminância da
educação moral, a educação propriamente dita, ordenada às almas. Todavia, o seu
cosmosama se apresenta pontilhado em todos os tempos de ensaios e tentativas
fugazes em favor da moralidade, não chegando a constituir uma tessitura
alinhavada na sucessão dos séculos.
E assim a humanidade
alcançou o século XXI, despida de uma pedagogia (científica), para a
moralização das gerações por vindouras.
— E posteriormente, se o
educando fez bom uso dos conhecimentos recebidos, para o bem ou para o mal.
4.5.3.
FUNDAMENTOS (doutrinários espíritos).
— (LE – Q.685a,
p.2): “Esse elemento (sem o qual a ciência econômica não passa de simples
teoria) é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos
referimos, porém, à educação moral pelos livros, e sim à que consiste na arte
de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o
conjunto dos hábitos adquiridos”
— (LE – Q.917, p.3): “(...)
pela educação que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente
entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de
manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á
corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam, plantas novas (...). Faça-se com o
moral o que se fez com a inteligência”. “O mal depois de feito, do que a lhe
secar a fonte”.
— (LE – Q.796): “Só a educação
poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão
rigorosas”. (que se destinam mais a punir).
— COMENTO. É claro que o texto
se refere à educação propriamente dita, à educação moral. Releia-se o texto
integral e concluir-se-á que “secar a fonte” (...) da sociedade depravada “não
será mister da educação intelectual, e sim, da moral, e nem de leis por mais
rigorosas que sejam”.
— (RE – 1864, pág. 40):
“(...), sendo o objetivo (do Espiritismo) o progresso moral da humanidade,
forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte
de moralização das massas. Um dia compreender-se-á que este ramo da educação
tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra,
que é uma verdadeira ciência”.
— (LE – Q.889): “(...) se uma
boa educação moral lhes houvera ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam
caído nos excessos causadores da sua perdição (a mendicância). Disso (da
educação moral) sobretudo, é que depende a melhoria do vosso planeta”.
Vide ainda (LE – Qs. 813, 928a, p.2).
4.5.4. EFICÁCIA (espiritualizante)
a) Os textos doutrinários
anteriores (vide) já estão a indicar a eficácia superior desta educação
propriamente dita, educação de formação dos caracteres (Q.685 e 917), e a sua
exclusividade na reforma dos homens (Q.796).
b) Essa eficácia supera, em grau
de excelência, ainda se sustenta, porque se origina da parte mais profunda e
nobre da essência humana. E a mais excelente também: a alma: único princípio
permanente, que goza da perenidade cósmica e da mesma natureza do seu Criador:
a natureza espiritual.
c) Esta educação moral, mesmo
sem ter alcançado ainda o estatus de ciência e de arte, como Kardec previu,
quando então estaria provida da eficiência espiritualizante máxima, poderá ser
classificada entre as mais potentes dinâmicas históricas de desenvolvimento
espiritual.
As razões dessa eficácia são: ação direta sobre a
alma, seus efeitos quase imediatos e a perenidade dos seus resultados: o
espírito jamais retrograda.
CONCLUSÃO. A educação moral, sistemática ou
eventual, programada ou improvisada, intencional, involuntária ou empírica,
metódica ou desordenada, aplicada nos lares, nas escolas, nos templos, tem
sido, até agora, um fator de desenvolvimento espiritual da humanidade. E mais
produtivo do que a maioria das outras dinâmicas; mas, apesar disso, ainda de
escassos reflexos no comportamento moral do gênero humano.
Nos dois complementos finais, adiante dispostos,
estão registrados os vínculos de um vaticínio de Kardec sobre uma futura arte e
ciência de Educação Moral, o que reforçaria sobremaneira a eficácia
espiritualizante desta 5ª Dinâmica Histórica de Educação Moral.
4.5.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDDE (repercussões
nesta pedagogia da dinâmica histórica de espiritualização pela educação
propriamente dita (da alma).
a) O vínculo existente entre a
educação propriamente dita e a Pedagogia da Espiritualidade é tão estreito,
direto, imediato e irrompível, moral e espiritualmente, que até podem se
confundir. Ou melhor, se integrarem reciprocamente uma na outra.
b) A moralidade da educação
propriamente dita integra a espiritualidade dessa pedagogia, que é mais ampla.
É óbvio, portanto, que, todo progresso moral determina proporcionalmente
incremento no desenvolvimento da espiritualidade.
c) Todavia, enquanto a educação
propriamente dita transmite conhecimentos dos valores morais, sociais, cívicos
e espirituais, e até insta para que os educandos se tornem morais, sociais,
cívicos e espirituais, praticando os respectivos atos, a Pedagogia da
Espiritualidade idealiza, cria e institui uma pedagogia específica, “ad hoc”1,
para esta prática mediante uma didática que ensina os educandos a cometerem
esses atos. E assim, deixando aos educandos a iniciativa, o querer livre e o
dispêndio dos próprios árduos, esforços para desenvolverem por esses atos a sua
espiritualidade. Por isso cabendo-lhes o mérito do que alcançarem em
aperfeiçoamento de suas almas.
d) A própria Pedagogia da
Espiritualidade incorpora a educação propriamente dita do conhecimento dos
valores humanos. Em um dos seus quatro procedimentos para preparar os educandos
ao cometimentos dos atos, procede-se ao aparelhamento deles para conhecerem,
admirarem, valorizarem, quererem e praticarem os atos2. E este
procedimento preparatório recebeu o nome de motivação com duração de uma hora.
e)
1“Ad hoc” (para isso, para este caso; De propósito,
adrede”). Adrede (de propósito, de caso pensado).
2São as 5 vivências propiciadoras do exercício
concreto dos atos.
CONCLUSÃO. A educação propriamente dita é muito
necessária, mas não é suficiente para a espiritualização da qual vem carecendo
dramaticamente, se não tragicamente, a espécie humana no seu atual estágio
evolutivo.
Terá, por isso, que ser complementada por uma
pedagogia e didática específicas, ordenadas direta e eficazmente à prática
efetiva dos educandos dos atos pertinentes aos valores humanos morais, sociais,
cívicos e espirituais.
Vide nos dois complementos seguintes os futuros
vínculos entre a Pedagogia da Espiritualidade e esta 5ª Dinâmica Histórica de
desenvolvimento da espiritualidade pela Educação Propriamente dita, a Educação
Moral.
1º COMPLEMENTO
— UM VATICÍNIO1 DE
KARDEC
(sobre uma futura arte de “formar e corrigir os
caracteres2)
QUE REORÇARÁ A EFICÁCIA DA ESPIRITUALIZAÇÃO DESTA 5ª
DINÂMICA HISTÓRICA
1(Nosso)
VATICÍNIO: suposição de
algo que pode acontecer com base na realidade atual; prognóstico.
VATICINAR: prever algo
com base em fatos, sintomas, etc.
CARACTERES: plural de
carácter, ou de caráter.
CARÁTER (acepção que se
pode atribuir ao vocábulo no texto doutrinário seguinte): “Firmeza moral,
coerência no ato, honestidade” (dic. Houaiss); “Firmeza e coerência de
atitudes; domínio de si” (dic.
Aurélio)
—
GLOSAS DE KARDEC:
(LE – Q.685ª, p.2):
“Quando essa arte (de formar os caracteres, à que incute hábitos) for
conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e
de previdência para consigo mesmo e para com os seus,, de respeito a tudo que é
respeitável”. (os grifos são de Kardec).
COMENTO1. Essa arte como se depreende do
próprio texto, é a própria educação moral (não pelos livros, isto é
teoricamente, mas sim a que incute hábitos.
Outra glosa de Kardec sobre o vaticínio dessa futura
arte:
(LE – Q.917, p.3):
“Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de
manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los (os caracteres), do mesmo
modo como se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita
experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la
com proveito, baste o conhecimento da Ciência”.
— (RE – 1964, pág. 40)
Ainda com um nítido
teor de vaticínio, encontra-se na Revista Espírita de 1964, pág. 40, o seguinte
texto de Kardec:
“Um dia
compreender-se-á que este ramo da educação (a educação moral) tem seus
princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma
verdadeira ciência; talvez um dia, também, será imposta a toda mãe de família a
obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de
conhecer o Direito”.
Foram grifados três
trechos do vaticínio da futura arte, — e agora, aí também citada como ciência —
a arte futura de formar e corrigir os caracteres.
“Os novos horizontes
que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira; sendo o seu
objetivo o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave
problema da educação moral, primeira fonte de iluminação das massas”
Passa-se, em seguida, a
extrair desses três textos de Kardec, os elementos vaticinadores e que compõem
e caracterizam para conhecimento geral, a futura aste e ciência de formar e/ou
corrigir o caráter moral dos educandos.
2º COMPLEMENTO
SINAIS E CARACTERÍSTICAS DESSA ARTE E CIÊNCIA
FUTURAS DE EDUCAÇÃO MORAL, PARA FORMAÇÃO E CORREÇÃO DO CARÁTER DOS EDUCANDOS
— ESSAS FUTURAS ARTE E CIÊNCIA
DE EDUCAÇÃO MORAL:
Formarão o caráter e
incutirá hábitos morais sadios;
Serão um dia conhecida,
compreendida e praticada;
Incutirão hábitos de
ordem e de previdência;
Motivarão o educando a
respeitar tudo que é respeitável;
Serão a própria
educação moral, o que incutirá hábitos;
Por isso, não serão
apenas teoria, estudada nos livros;
Serão uma arte idêntica
a de manejar as inteligências;
Corrigirão os
caracteres do mesmo modo como se aprumam plantas novas;
Essa arte e ciência
exigirão muito tato, experiência e profunda observação;
Não bastará o
conhecimento da Ciência para exercê-las;
Em arte e ciência de
educar futuras são pautadas por princípios e regras como na educação
intelectual (o que significa que será regido por uma pedagogia específica).
Serão uma verdadeira
ciência (confirmando a regência por uma pedagogia).
As mães de família
terão a obrigação de conhecer essa arte e ciência de educar;
“O Espiritismo
forçosamente deverá iluminar o grave problema dessa educação moral”.
— X —
X —
— PONTOS DESSA LISTAGEM VINCULADOS:
Com a Pedagogia da
Espiritualidade, e esta como a Educação da alma:
1 – 3 – 4 – 5 – 8 – 9 – 11 – 12 – 14.
Com uma futura e mais
acentuada eficácia espiritualizante da Educação propriamente dita, a Educação
Moral, Social, Cívica e Espiritual (Educação da Alma), visando ao comportamento
(também moral, social, cívico e espiritual dos educandos):
TODOS OS 14 PONTOS.