segunda-feira, 25 de abril de 2016

Textos da primeira a sétima dinâmica

TEXTOS DA PRIMEIRA A SÉTIMA DINÂMICA HISTÓRICA

4.1. PRIMEIRA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE
PELA CARIDADE
(DESINTERESSADA E VINCULADA À EDUCAÇÃO)

4.1.1. CONCEITUAÇÃO
a)       A caridade é primeira dinâmica a ser exposta, pela sua altíssima relevância no processo de espiritualização da humanidade. É “a virtude cristã pela qual se ama a Deus como o sumo bem, e se ama o próximo como a si mesmo”, manifesta-se como bondade, benevolência, beneficência e esmola. Corresponde ao Segundo Mandamento do Decálogo Mosaico: “Amarás o eu próximo como a ti mesmo”.
b)       Ela integra as três virtudes teologais, FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE. E dessas três é a maior, a mais importante, a melhor e a mais bela dessas três virtudes.
c)       A interface da caridade compreende a face subjetiva (o sentimento de amor ao próximo) e a face objetiva (os atos, ações e obras, motivados e promovidos pelo amor).

4.1.2. HISTÓRICO

Textos 4-7

4.7. SÉTIMA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

PELA FORÇA MESMA DAS COISAS
(PROGRESSO REGULAR, LENTO E DISCRETO)

4.7.1. CONCEITUAÇÃO
a)       Entende-se, várias vezes1, nesta dinâmica histórica, como força mesma das coisas, “aquele progresso regular, constante, muito lento, discretíssimo. O qual escorre1 subterraneamente e por isso indetectável; só percebível no devido e longo tempo algumas vezes de gestação. Abastecido por fatos e acontecimentos secundários. Podendo-se mesmo conceitua-lo, numa interpretação mais livre, como sendo subliminar (abaixo da linha de consciência) para a maioria do povo, mas detectável às mentes mais argutas e de profundidade. Progresso esse que independe da vontade humana. E cujas fontes primordiais situam-se na ordem física da natureza (fenômenos), ou na área social, ou no organismo do homem, e vínculado ao seu espírito, no impulso incontido de evoluir na demanda da felicidade pessoal.
b)       Essas idéias novas e sedutoras surgem muito limitadamente, discretíssimas; e assim não provocam reações prematuras violentas, repressões e repugnâncias. E podem ir subsistindo e deslizando através dos tempos, quase invisíveis, e muito sutilmente, mansamente, dissimuladamente, e até, às vezes, clandestinamente. Para despontassem bem mais adiante no seio de um povo já então “vacinado” contra reações e resistências mais vigorosas.


1Em textos doutrinários.




c)       E quando não podem mais ser obstruídas, empolgam os pensamentos e convicções coletivos, e se impõem aos costumes, às legislações, formas de governo, instituições, invenções, tecnologias e aos formadores de opiniões e a grande parte da média.
d)       Muitas desses progressos concorreram no processo evolutivo de espiritualização de alguns povos, estruturando uma dinâmica histórica de desenvolvimento da espiritualidade que na Codificação Espírita recebeu o nome de “força mesma das coisas”.

4.7.2. HISTÓRICO
a)       Essa força tem atuado com variável freqüência em todos os períodos, históricos, mas com maior incidência a partir do século XVIII. O iluminismo parece ter sido o movimento desbravador, deste processo. Pois ele também é um exemplo da fonte que resultou no maior acontecimento histórico da Idade Moderna, a Revolução Francesa. Praticamente, um produto final da força mesma das coisas que se vinham acumulando desde quase 2 séculos atrás, desde a primeira convocação dos Estados Gerais (o que incluía, o 3º Estado (o povo) em 1614. (175 anos antes da Revolução quando o rei Luiz XVI novamente convocou o clero, a nobreza e o povo (os três estados) para decidirem um novo lançamento de impostos.
b)       Além desse exemplo tão trágico da Grande Revolução, outros exemplos históricos da “força mesma das coisas” que se podem listar:
      O avanço lento mas constante e discreto (nem sempre) do movimento feminista, desde o século XVIII (o 1º manifesto – 1792) até o século XX/XXI (gestação de dois séculos);
      A relativa e crescente liberação sexual, durante todo o século XX;
      A liberdade religiosa, cuja gestação culminou no Pontificado do Papa João XXIII, proclamando-a no fim do século XX;
      A condenação consensual, objetiva e legal do racismo e da escravidão;
      As formas de governo republicano e liberal, iniciado no século XVIII, culminando na derrubada de várias monarquias após o fim da 1ª Guerra Mundial (séc. XX).
      A visão constitucionalista empolgando vários sistemas político-sociais apresentou um longo histórico desde a época do absolutismo (séc. XVII;XVIII).
      A luta pelo divórcio de longa gestação, e hoje incorporado aos códigos civis da maioria das nações ocidentais.

4.7.3. FUNDAMENTOS (doutrinários espíritas)
a)       (LE – Q.783, p.2): “O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força mesma das coisas.
b)       (LE – Q. 663, no final): “Julgais, de ordinário que Deus não vos ouviu, porque não fez a vosso favor um milagre, enquanto, que vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das coisas”.
c)       (LE – Q.783): “Há o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas”.
d)       (LE – Q.797): “P – Como poderá o homem ser levado a reformar suas leis?”
R – Isso ocorre naturalmente pela força mesma das coisas”.
e)       (LE – Concl. IV, p.3): “Sendo a geração atual mais adiantada do que a anterior, porque não o será mais do que a presente a que lhe há de suceder? Sê-lo-á pela força mesma das coisas”.
f)        (LE – Q.259): “Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino”.
g)       (LE – Concl. IC, p.5): “Segurança nas relações sociais que somente no progresso moral lhe será dado achar. Logo, pela força mesma das coisas, ele próprio (o homem) dirigirá o progresso para essa senda”, e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa alavanca para alcançar tal objetivo.
h)       (LE – Intr. VII, p.5): (...) os sábios se renderão à evidência (das crenças espíritas). Lá chegarão individualmente, pela força das coisas”.

ANÁLISE
      pelo texto a), o homem pode instruir-se pela f m d c1
      pelo texto c), a f m d c provoca o progresso regular e lento;
      pelo texto d), a f m d c pode levar o homem a reformar suas leis;
      pelo texto e), uma geração pode superar a anterior pela f m d c;
      pelo texto h), os sábios chegarão a aceitar o Espiritismo pela f m d c;
      pelo texto f), a f m d c, não influi nos acontecimentos principais, mas sim nos secundários;
      por outro, a f m d c independe da vontade;
      por outro, a f m d c, parece um dos meios naturais pelos quais Deus nos assiste;
      pelo texto nº g), o homem pode dirigir o progresso pela f m d c.

1Abreviatura de “força mesma das coisas”.


ENTENDIMENTO. A força mesma das coisas seriam fatos provocados pelas forças naturais independentemente da vontade humana. Mas que delas pode o homem se aproveitar para instruir-se, reformar suas leis e progredir. Distinguem-se das conseqüências naturais dos atos humanos que são livres: as “forças mesmas das coisas” parecem não ser conseqüências de atos livres dos homens da sua vontade, apesar de serem naturais, como, por exemplo:
      na ordem da natureza: fenômenos meteorológicos, geológicos, climáticos, flagelos naturais;
      na ordem social: convulsões sociais espontâneas, crises econômicas imprevisíveis; lutas de classes; guerras, revoluções;
      na ordem orgânica humana: disfunções fisiológicas casuais, cura natural de moléstias, lesões corporais em acidentes casuais;
      na ordem científica: as descobertas casuais, como, por exemplo, da penicilina, da dinamite, da radioatividade, da gravitação universal.

4.7.4. EFICÁCIA (espiritualizante)
a)       Essas forças mesmas das coisas têm podido fazer a humanidade progredir lentamente (Q. 783); e a reformar suas leis (Q. 797); promover o progresso entre as gerações que se sucedem (Concl. IV). E levarão até à aceitação do Espiritismo pelos sábios (Intr. CVII); e reduzir a ignorância (Q. 783). Face a essas observações, não se pode duvidar de que essas forças também têm concorrido no desenvolvimento da espiritualização. As formas de progresso (material, científico, social, intelectual, moral e espiritual) são interativas (reagem umas sobre as outras), isto é, mútuas, recíprocas: qualquer avanço numa forma de progresso produz efeitos em todas as demais formas. Logo, o desenvolvimento espiritual também se vale dos outros progressos provocados pelas “forças mesmas das coisas”, embora não imediatamente. E não poucas vezes, até longinquamente, tanto no espaço geográfico quanto no tempo.
      Todavia, a eficácia dessas forças não pode ser superestimada. Primeiro, por serem muito indiretos e de lenta gestação. Segundo, porque originárias muitas vezes de causas materiais, e não diretamente da mesma natureza (espiritual). Terceiro, porque são, em regra, de gestação subliminar1 (abaixo da linha limite de consciência), e subjacente(1).


1Vide significados destas palavras no vocabulário auxiliar ano fim desta dinâmica.


      Estimativa (presumida) da eficácia espiritualizante desta Dinâmica Histórica da “força mesma das coisas”, é de difícil aplicação.
      Em geral e em tese não se pode reconhecer um efeito intenso das forças das coisas sobre a espiritualidade, por serem esses resultados muito indiretos, de teor diferente do da espiritualidade e remotos no tempo (lentos) e/ou no espaço (distantes).
CONCLUSÃO. As denominadas “forças mesmas das coisas” realmente podem ser catalogadas no conjunto das dinâmicas históricas que têm assegurado um progresso muito relativo da espiritualidade humana até o presente momento (final do século XX depois de Cristo).

4.7.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDADE (repercussões nesta pedagogia da Dinâmica Histórica espiritualizante da “força mesma das coisas”).

      Verificam-se várias diferenças fundamentais entre essa dinâmica e a Pedagogia da Espiritualidade:

DINÂMICA                                                                        PEDAGOGIA DA
HISTÓRICA                                                                      ESPIRITUALIDADE
(pela força mesma das coisas)                                       (específica para desenvolvimento
                                                                                              da espiritualidade)

— Os resultados são muito                                              — Os resultados não finais podem
remotos                                                                               aparecer em curto ou
                                                                                              médio prazo.

— O processo caracteriza-se                                           — O objetivo é acelerar o
pela lentidão                                                                       processo de espiritualização

— O processo se realiza e                                                — Todo o processo se
desliza na camada                                                            desenvolve na plenitude da
subjacente do povo                                                          consciência do educando
(subliminar)

— O processo não é                                                          O processo é dirigido pelo
direcionado por ninguém e                                              educando, assistido este pelo
segue à revelia de qualquer                                              seu educador
vontade objetiva

— Princípio motor e dinâmico                                        — Princípio motor e dinâmico
do progresso: a “força                                                      do progresso: as perfeições
mesma das coisas”                                                           espirituais e potenciais, e
                                                                                              estas devida e
                                                                                              pedagogicamente ativadas

— O objetivo final só é                                                    — Objetivo final é bem
conhecido quando termina                                                             conhecido e conscientemente
o processo (depois de                                                        procurado.
longa e secular gestação)

      CONCLUSÕES:
1ª - Com tantas diferenças fundamentais, não se pode afirmar familiaridade de processos, meios, métodos e objetivos entre a dinâmica histórica das “forças mesmas das coisas” com a estrutura pedagógico-científica da Pedagogia da Espiritualidade.
2ª - Apesar da 1ª conclusão acima, essas duas dinâmicas produzem o avanço espiritual da humanidade. A força das coisas, aleatoriamente; a pedagogia intencionalmente.

— A “FORÇA DAS COISAS” E ESPIRITUALIDADE

Se essas “forças mesmas das coisas” podem fazer a humanidade progredir lentamente, reformar suas leis e reduzir a ignorância; se Deus mesmo pode delas se servir para ajudar, assistir o homem, Q.663 não se ode duvidar de que essas forças concorrem com outras dinâmicas para o desenvolvimento da espiritualidade (vide LE – Q.737, 740). As formas de progresso (material, científico, social, intelectual, moral e espiritual) são interativas, mútuas, invariavelmente recíprocas: qualquer avanço numa forma de progresso produz efeito em todas as demais formas. Logo, o desenvolvimento espiritual também se vale dos progressos material, social, e intelectual provocados pelas “forças mesmas das coisas”. Embora mediatamente; e, até, algumas vezes, de repercussão longínqua, tanto no espaço quanto no tempo.

Textos 4-6

4.6. SEXTA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

PELO CRISTIANISMO
PELO ADVENTO E PRÁTICA DO CRISTIANISMO ESPIRITUALISTA

4.6.1. CONCEITUAÇÃO

a)       Há várias formas historicamente registradas da prática real dos princípios da doutrina estabelecida por Jesus de Nazaré. Há o cristianismo formal sustentado em instituições religiosas, clero, hierarquia, ritual, liturgia, cerimônias, dogmas, milagres, sacramentos, ensino moral evangélico, etc.
b)       E há, o cristianismo não que se diga informal, mas sim, muito menos formal e bem menor institucionalizado em igrejas.Mais voltado para o próprio homem, num sentido humanista, procurando se aproximar mais de Deus. Não com rituais, cerimônias, liturgias e teurgias. Mas pelo aperfeiçoamento do próprio espírito dos homens. Pelo que recebem estes todas, ou quase todas as atenções. Procurando, para isso, seguir cumprir e praticar os ensinos do Cristo, de caridade, bondade, perdão, amor ao próximo, humildade, fé, esperança etc.
c)       E este é o cristianismo que se pode chamar de cristianismo espiritualista.
d)       Esta segunda forma de cristianismo, a espiritualista, substitui a liturgia e rituais do cristianismo institucionalizado em religiões e igrejas pelo “culto interno do coração, individual ou coletivamente (em grupo), com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, e assim aproximando-se do seu Criador.
e)       Em suma, pela negativa, define-se o cristianismo espiritualista como não-institucional, não-hierárquico, não-formalístico, não-ritualista, não eclesiástico, não-místico. Pelo lado positivo é aquele cristianismo que cada cristão verdadeiro incorpora, vive e pratica, individual e/ou coletivamente, os ensinos morais e espirituais de Cristo, na constância da idéia do Deus-amor.

4.6.2. FUNDAMENTOS (doutrinários espíritas)
a)       ÀS DUAS FORMAS DE CRISTIANISMO
(O INSTITUCIONAZADO E O ESPIRITUALISTA)
      (EL – Intr., I, p.1): “Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento dos seus dogmas e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, se conservou constantemente inatacável; diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno, onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas (...) na maioria elas se agarram mais a parte mística do que a parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo.
      Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. É finalmente e acima de tudo o roteiro infalível para a felicidade vindoura (...). É a bem dizer, um código de moral universal, sem distinção de culto. (...) (para) conformar com a moral do Cristo o respectivo proceder”.
COMENTO. Aí acima está exposta o que se pode chamar de um verdadeiro cristianismo espiritualista. Cuja liturgia e ritual do culto a Deus é o interno, aquele que promana sinceramente do coração, e que mantém como causa final a aproximação progressiva do homem a Deus. O que exige a contínua e segura evolução do espírito nessa Direção, pelo seu aperfeiçoamento moral, social e espiritual, marcado e pautal pela caridade e pela bondade.
      (LE – Q.830): “Entretanto, desde que mais desenvolvida e, sobretudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, sua razão mostrou (ao homem) que o escravo era um seu igual perante Deus, nenhuma desculpa mais (o homem) tem (para considerar natural a escravidão”.
      (LE – Q.798, p.2): “Sua marcha (do Espiritismo), porém, será mais célere que a do Cristianismo, porque o próprio Cristianismo é quem lhe abre o caminho e serve de apoio. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que edificar”.
      (LE – Concl., VIII, 3): “Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem”.
      (GÊ – XVII, 15, 26 p.p. 1 e 3): “O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (MAT – XXIV, 35). As palavras de Jesus não passarão porque serão verdadeiras em todos os tempos. Será eterno o seu código de moral, porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno”.
“(...) O que não passará é o verdadeiro sentido das palavras de Jesus; o que passará é o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a essas mesmas palavras”.
      (LE – Q.876 p.p. 1 e 2): “P – Posto de parte o direito que a lei humana consagra, qual a base da justiça, segundo a lei natural?
“R – Disse o Cristo: Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo (...). A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo”.
      (LE – Q.930): “Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome”.
      (LE – Concl., IV, p.2): “Do futuro se pode, pois, julgar pelo passado. Já vemos que pouco a pouco se extinguem as antipatias de povo para povo. Diante da civilização, diminuem as barreiras que os separavam. De um extremo a outro do mundo, eles se estendem as mãos. Maior justiça preside à elaboração das leis internacionais. As guerras se tornam cada vez mais raras e não excluem os sentimentos de humanidade. Nas relações, a uniformidade se vai estabelecendo. Apagam-se as distinções de raças e de castas e os que professam crenças diversas impõem silêncio aos prejuízos de seita, para se confundirem na adoração de um único Deus. Falamos dos povos que marcham à testa da civilização”.
      (LE – Q.707, p.3): “Fora preciso, entretanto, ser-se cego, para se não reconhecer o progresso que, por esse lado (da organização social), têm feito os povos mais adiantados. Graças aos louváveis esforços que, juntos, a Filantropia e a Ciência não cessam de despender para melhorar a condição material dos homens (...). O infortúnio e o sofrimento encontram onde se refugiem”.
      COMENTO. Todo esse progresso social nos povos mais civilizados do Ocidente, entende-se que se deve em grande parte ao advento do Cristianismo. Para o que destacam-se a dignificação da mulher, a instituição do casamento, a monogamia, a igualdade de direitos entre o homem e a mulher, a atenuação das leis penais, a proclamação universal dos direitos humanos e sob controle internacional, o abrandamento dos costumes, a condenação e erradicação da escravatura, a penalização internacional do genocídio, do racismo, etc.
b)       OS DOIS CULTOS, O EXTERNO E O INTERNO
      (LE – Q.649): “P – Em que consiste a adoração?1 R – Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração1, aproxima o homem sua alma”.
      (LE – Q.657): “Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra”.


1Adoração. Não confundir com idolatria. 1 culto prestado a ídolos. 2. Amar ou paixão exagerada, excessiva. Ídolo. Estátua ou simples objeto cultuado como deus ou deusa (dic. Aurélio).
2Louvar. Exaltar, enaltecer, glorificar. Declarar como bendito bendizer.


      (LE – Q.653): “A adoração verdadeira é a do coração (...)”.
      (LE – Q.654): “Deus prefere os que o adorava do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que as não tornam melhores para com os seus semelhantes”.
      (LE – Q.659): “A prece é um ato de adoração1. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é por-se em comunicação com ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar2, pedir, agradecer”.
      (LE – Q.661): “Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder”. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras”.
      (LE – Q.662): “(...) a prece do coração é tudo. A dos lábios nada vale”.
COMENTO. Todos esses sete textos esclarecem com mais detalhes as características de um cristianismo espiritualista e o quanto difere do outro formal, convencional e tradicional.

4.6.3. ISTÓRICO
a)       É indiscutível que o Cristianismo já nasceu espiritualista com a pregação e exemplo pessoal do seu criador, Jesus de Nazaré, filho de Maria e José. Iniciada a sua vida pública aos 33 anos de  idade, no ano 33 da Era Cristã. Toda a vida pública do Divino Mestre nesse ano é um compêndio de espiritualidade: a existência do espírito a sua imortalidade; as virtudes cristãs, que ele pregou e exemplificou são todas de natureza espiritual e anímicas (sediadas nas almas); Deus como o Supremo Espírito; as moradas celestes para as entidades espirituais; as recompensas espirituais para os espíritos merecedores, nesses mundos espirituais (JOÃO 14:2); e o “galardão nos céus” (MAT – 5:12) de natureza espiritual; mesmo pregado e sofrendo tormentos na cruz, ensinou e deu o exemplo pessoal de indulgência, de esperança, paciência, resignação, obediência e de piedade, todas de natureza espiritual.
b)       Não obstante esse testemunho espiritualista, também se pode admitir que a outra forma de cristianismo, a institucionalizada em igrejas e em autoridade, numa passagem evangélica da pregação pública de Cristo, pode ter tido a sua centelha inicial em (MAT – 16:18,19): “Tu és Pedro, sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
c)       Há muitas controvérsias sobre o significado da palavra igreja (“ekklesia”, palavra grega que pode ser traduzida como: 1. reunião de um povo; 2. o povo de Deus, o agrupamento dos crentes; 3. o templo de Deus; 4. o corpo de Cristo; 5. a noiva de Cristo; 6. uma comunhão espiritual. E outros significados extraídos dos textos dos próprios evangelhos e epístolas de Paula e de outros apóstolos e o Apocalipse.
d)       Admitamos que tanto o cristianismo institucional (pelas igrejas) e debaixo de uma autoridade (Pedro). Quanto ao cristianismo espiritualista (centrado nas virtudes cristãs e espirituais do homem), teriam sido instaurado ao mesmo tempo no 1º século da Era Cristã.
e)       E para reforçar a idéia do cristianismo institucional dispomos do texto seguinte:
      (Atos – 9:31): “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam)”.
f)        Todavia, essa expansão da institucionalização e da autoridade correspondente, correram ao mesmo tempo do desenvolvimento do cristianismo espiritualista. Uma mesma pessoa podia na sua igreja cumprir os seus deveres para com ela (rituais, saciamentos, liturgia), e em seu lar, ou em particular cumprir e desenvolver seus potencial moral, social e espiritual.

4.6.4. EFICÁCIA (espiritualizante)
a)       No levantamento dessa eficiência, ficaria muito arriscado distinguir uma da outra essas duas formas do seguimento, prático e manifesto do Cristianismo. Restando apenas a análise conjunta deles no tocante à avaliação dessa eficácia.
b)       Mesmo porque não se verificaram formas puras desses cristianismos. Tanto no institucional deve ter havido (e ainda há) minoritariamente atividades e vivências espiritualizantes. Quanto no espiritual, pode-se verificar algumas traços institucionais remanescentes.
c)       A única diferenciação possível de ser, assim mesmo, presumidamente lógica, será entre os graus de participação de uma ou de outra forma na eficácia do conjunto.
d)       Neste particular, leva a palma o cristianismo espiritualista, por sua própria natureza espiritual bem mais familiar com a espiritualização que se está procurando dimensionar.
e)       Deve-se ao advento do Cristianismo a incorporação dos seguintes valores morais e espirituais com repercussão na vida social:
      A valorização do casamento monogâmico e a conseqüente igualdade de direitos entre a mulher e o marido.
      A espiritualização do casamento, sublimado em um compromisso moral e religioso perante Deus.
      A dignificação da mulher, elevada posição de objeto puramente sexual, e até de escrava, à companheira do homem e em igualdade de condições.
      A conscientização da natureza predominantemente espiritual do homem1 e os cuidados com o espírito.


1“Vós que sois espirituais” GAL – 6:1).
“E acerca dos dons espirituais, não quero irmãos, que sejais ignorantes”.
“O que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (GA – 6:8).


      a imortalidade da alma e sua responsabilidade, além da morte física, sujeita apenas e recompensas extraterrenas.
      a atenuação das leis penais;
      o abrandamento dos costumes;
      a condenação da escravidão;
      o reforço da idéia da imortalidade
      da alma
      Etc.

CONCLUSÃO. O Advento do Cristianismo concorreu vigorosamente na abertura de um novo entendimento da natureza espiritual da espécie humana. Tendo como principal conseqüência os cuidados que, a partir daí, tem dispensado o homem ao seu espírito, embora muito bloqueado pelo materialismo. E como efeito ainda germinal — em gestação — o desenvolvimento de sua espiritualidade.
      O progresso social, moral e espiritual verificado com mais visibilidade nas nações cristãs do Ocidente, é um testemunho da eficácia dessa Boa Nova para o incremento da espiritualidade. Em que pese o rolo compressor do materialismo militante e agressivo.
      Não obstante, esse Igor do Cristianismo, é ainda muito limitado e insatisfatório, requerendo uma retroalimentação (“feed back”)1.
      O Cristianismo tem sido uma dinâmica efetiva no desenvolvimento da espiritualidade.


1Retroalimentação (vide conceito) no vocabulário no fim deste Estudo.


—O progresso social e espiritual, verificado principalmente nas nações cristãs mais avançadas do Ocidente, é um testemunho da eficácia do advento do Cristianismo para o desenvolvimento da espiritualidade humana. Mas esse vigor ainda é muito limitado, requerendo uma retroalimentação que restabeleça a simplicidade evangélico-apostólica dos primeiros tempos da Era Cristã.

4.6.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDADE (repercussões nesta pedagogia da dinâmica histórica espiritualizante do Cristianismo).
a)       A Pedagogia da Espiritualidade recolhe do cristianismo espiritualista uma valiosa messe de contribuições:
b)       O catálogo das perfeições espirituais privilegiam as virtudes cristãs: caridade, indulgência,a humildade, esperança e as virtudes ético-religiosas de justiça, honestidade, veracidade e lealdade.
c)        O próprio apelo tão incisivo do Cristianismo à espiritualidade dos que se consideram cristãos durante dois milênios tem inspirado e sustentado a instauração da Pedagogia da Espiritualidade. E esta tem aditado a essa arquitetura dos valores espirituais do Cristianismo uma proposta a sua pedagogia já milenar; o Processo Pedagógico de Afloramento (emersão) ao nível da prática cotidiana das perfeições espirituais e potenciais do espírito dos educandos. Proporcionando aos que assim aproveitaram essas oportunidades pedagógico-cristãs à habilitação meritória às bem-aventuranças acenadas por Jesus no Sermão do Monte:
      o “reino dos céus”;
      o consolo aos que choram;
      aos mansos, a herança da terra;
      a justiça aos que tem fome e sede;
      a misericórdia aos misericordiosos;
      a visão de Deus aos limpos de coração;
      aos pacíficos, o serem chamados filhos de Deus;
      aos perseguidos, o “reino dos céus”;
      aos injuriados, a bem-aventurança;
      Reino dos céus” esse que está dentro de vós (LUC – 17:21), (que poderão ser as perfeições espirituais adquiridos).

— CRISTIANISMO E ESPIRITUALIDADE
Afirmar essa relação de causalidade é legítimo e é histórico. O Cristianismo concorreu na abertura para uma nova compreensão da espiritualidade do homem.

O reforço da idéia da imortalidade da alma e das penas e recompensas extraterrenas concorreu para um maior cuidado com o espírito, e por isso com o desenvolvimento da espiritualidade.

Textos 4-5

4.5. QUINTA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

PELA EDUCAÇÃO
PROPRIAMENTE DITA
(EDUCAÇÃO MORAL, SOCIAL, CÍVICA E ESPIRITUAL)

(VISA AO COMPORTAMENTO — À EDUCAÇÃO DA ALMA)

4.5.1. CONCEITUAÇÃO
a)      Trata-se não da educação “lato sensu” e abrangente generalizante, mas sim da educação “scrip sensu”, em sentido estrito e específico, ou seja, da educação propriamente dita. Bem distinta da educação genérica convencional. E, mais ainda, da instrução (conhecimento). Educação específica e instrução podem ambas tratar da moral, porém, a segunda, interessa-se pelo conhecimento moral e a educação propriamente dita, visa a prática efetiva da moral, motivando os educandos para o cometimento cotidiano de atos dos valores morais.
b)      Ora, o comportamento — envolvendo a responsabilidade do agente, que deve, por isso, responder1 pelos seus atos; que é livre para praticar o bem ou o mal (livre-arbítrio) — só pode ter por fonte e origem a alma. A matéria orgânica, por perecível e degradável, mutável não pode ser fonte dessa responsabilidade. E abstraindo o orgânico e físico do homem, só resta a alma, que decide, optar por este ou aquele ato, ou comportamento que é o alvo desta dinâmica histórica da educação propriamente dita (moral, social, cívica e espiritual).


1Responder: ser ou ficar responsável; responsabilizar-se (todo cidadão maior responde pelos seus atos) (dic. Aurélio).

E acrescente-se, responder é ser responsável, por ter alma. Porque o corpo físico não passa de matéria organizada, e, por isso, não pode ser responsabilizado por nada: está subjugado à alma, a quem deve obedecer.
c)      Assim argumentado, não se pode deixar de acolher a idéia de que essa educação, assim conceituada, visando ao comportamento livre e responsável, seja a educação da alma.
d)      Bem diferente, portanto, da instrução (conhecimento intelectual): um conhecimento, como conhecimento, e só conhecimento sem os atos livres1 não pode ser taxado de moral ou imoral. O comportamento sim. E a moral é um apanágio exclusivo da alma.


1RESSALVA: a instrução, como educação para o conhecimento, e só como conhecimento, e apenas transmissão deste aos educandos, em si mesmo não é moral nem imoral. É apenas amoral. Confirma-se. Contudo, ele pode envolver atos livres morais ou imorais, envolvendo, responsabilidade da alma do mestre e daqueles que recebem esses conhecimentos.
     se esses conhecimentos são morais ou imorais;
     se a transmissão é sincera ou não de parte do mestre;
     se o mestre está cumprindo bem o seu dever e correlatos princípios morais



e)      Essa educação, assim compreendida, também se identifica em parte com a educação pelos valores humanos, cujos conteúdos são idênticos. Esses valores são as mesmas perfeições espirituais da Pedagogia da Espiritualidade: caridade, esperança,a humildade, indulgência, justiça, honestidade, veracidade, lealdade, etc.

f)       Não obstante, verifica-se uma nítida diferenciação. A educação pelos valores humanos absorve os contornos da instrução, visando apenas ao conhecimento dos valores; enquanto, a educação propriamente dita se destaca principalmente pela didática da prática efetiva, concreta desses valores (chamados de perfeições) na vida cotidiana e simples, isto é, do dia-a-dia de cada educando.

4.5.2. HISTÓRICO
a)      O PROBLEMA. Existiria um histórico da Educação Propriamente Dita, ou seja da Educação Moral, Social, Cívica e Espiritual. Para comportamento humano? Como existiu e existe a Instrução (Educação Intelectual para o conhecimento), já verificada na 4ª Dinâmica Histórica? Se existe ainda, concorreu ela para a espiritualização da humanidade?
b)      ANÁLISE DO PROBLEMA (via indireta, pela Codificação Espírita).
     Pode-se identificar no decurso dos tempos históricos três confrontos, muito integrados entre si, mas com ângulos de visão diferentes:


 Intelectualidade  X  Moralidade


 Ciência  X  Moral


 Instrução  X  Educação


c)      Os fatores móbilos (moventes) estão na 3ª linha de oposições; os fatores móveis (movidos, ocupam as 1ª e 2ª linhas e segundo o sentido das flechas (de baixo para cima).
d)      Quais têm sido os fatores mais preferidos prestigiados, decisivos e preponderantes na evolução da humanidade desde os tempos primitivos até os dias de hoje?: os três da 1ª coluna (instrução, ciência e intelectualidade? Ou os da 2ª coluna (educação, moral e moralidade)?
e)      ENSAIO DA RESPOSTA. Até meados do século XIX, segundo um ensaio de Allan Kardec1 sobre a sucessão histórica das aristocracias (o poder dos melhores), teria havido a seguinte seqüência:


1Em suas “Obras Póstumas” (As Aristocracias).


1ª os patriarcas (anciãos) — 2ª os chefes militares (os fortes) — 3ª os bem nascidos (os nobres) —  4ª os ricos (o dinheiro) — 5ª os inteligentes (a competência econômica) — 6ª a aristocracia intelecto-moral (reunião da inteligência com a moralidade).
f)       Todas as quatro primeiras aristocracias foram históricas, isto é, foram vigentes em suas épocas. A 5ª aristocracia (a dos inteligentes) era a vigente no tempo de Kardec. E a 6ª (a intelecto-moral estava nos meados do século XIX por vir (veja-se: será... tempo futuro). E está por chegar até hoje, século XXI. Ou alguém poderá hoje avaliar que as nações contemporâneas estejam regidas por aristocracias intelecto-morais...???1
CONCLUSÕES. 1ª - As cinco aristocracias que antecedem a que está por vir, nenhuma delas exibe o fator moralidade. Esta nunca integrou qualquer governo. E para o futuro é um vaticínio de Kardec. “O Reino da moralidade” como ele caracteriza.


1“Fora tola pretensão dizer-se que a humanidade chegou ao apogeu...” (Kardec). — “No estado atual das coisas, os maus estão em maioria e ditam a lei dos bons”(K).



2ª - A moralidade jamais triunfou e tem sido uma muito escassa minoria. É verdade que foi recomendada pelos sistemas religiosos das variadas confissões, mas desprovidas de uma pedagogia (ciência) específica para essa educação propriamente dita, a EDUCAÇÃO DAS ALMAS.
CONCLUSÃO FINAL. O panorama histórico desta 5ª Dinâmica Espiritualizante da humanidade não atingiu a sua culminância da educação moral, a educação propriamente dita, ordenada às almas. Todavia, o seu cosmosama se apresenta pontilhado em todos os tempos de ensaios e tentativas fugazes em favor da moralidade, não chegando a constituir uma tessitura alinhavada na sucessão dos séculos.

 E assim a humanidade alcançou o século XXI, despida de uma pedagogia (científica), para a moralização das gerações por vindouras.

     E posteriormente, se o educando fez bom uso dos conhecimentos recebidos, para o bem ou para o mal.

4.5.3. FUNDAMENTOS (doutrinários espíritos).
     (LE – Q.685a, p.2): “Esse elemento (sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria) é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros, e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”
     (LE – Q.917, p.3): “(...) pela educação que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam, plantas novas (...). Faça-se com o moral o que se fez com a inteligência”. “O mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte”.
     (LE – Q.796): “Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas”. (que se destinam mais a punir).
     COMENTO. É claro que o texto se refere à educação propriamente dita, à educação moral. Releia-se o texto integral e concluir-se-á que “secar a fonte” (...) da sociedade depravada “não será mister da educação intelectual, e sim, da moral, e nem de leis por mais rigorosas que sejam”.
     (RE – 1864, pág. 40): “(...), sendo o objetivo (do Espiritismo) o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte de moralização das massas. Um dia compreender-se-á que este ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência”.
     (LE – Q.889): “(...) se uma boa educação moral lhes houvera ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam caído nos excessos causadores da sua perdição (a mendicância). Disso (da educação moral) sobretudo, é que depende a melhoria do vosso planeta”.
Vide ainda (LE – Qs. 813, 928a, p.2).

4.5.4. EFICÁCIA (espiritualizante)
a)      Os textos doutrinários anteriores (vide) já estão a indicar a eficácia superior desta educação propriamente dita, educação de formação dos caracteres (Q.685 e 917), e a sua exclusividade na reforma dos homens (Q.796).
b)      Essa eficácia supera, em grau de excelência, ainda se sustenta, porque se origina da parte mais profunda e nobre da essência humana. E a mais excelente também: a alma: único princípio permanente, que goza da perenidade cósmica e da mesma natureza do seu Criador: a natureza espiritual.
c)      Esta educação moral, mesmo sem ter alcançado ainda o estatus de ciência e de arte, como Kardec previu, quando então estaria provida da eficiência espiritualizante máxima, poderá ser classificada entre as mais potentes dinâmicas históricas de desenvolvimento espiritual.
As razões dessa eficácia são: ação direta sobre a alma, seus efeitos quase imediatos e a perenidade dos seus resultados: o espírito jamais retrograda.
CONCLUSÃO. A educação moral, sistemática ou eventual, programada ou improvisada, intencional, involuntária ou empírica, metódica ou desordenada, aplicada nos lares, nas escolas, nos templos, tem sido, até agora, um fator de desenvolvimento espiritual da humanidade. E mais produtivo do que a maioria das outras dinâmicas; mas, apesar disso, ainda de escassos reflexos no comportamento moral do gênero humano.
Nos dois complementos finais, adiante dispostos, estão registrados os vínculos de um vaticínio de Kardec sobre uma futura arte e ciência de Educação Moral, o que reforçaria sobremaneira a eficácia espiritualizante desta 5ª Dinâmica Histórica de Educação Moral.

4.5.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDDE (repercussões nesta pedagogia da dinâmica histórica de espiritualização pela educação propriamente dita (da alma).
a)      O vínculo existente entre a educação propriamente dita e a Pedagogia da Espiritualidade é tão estreito, direto, imediato e irrompível, moral e espiritualmente, que até podem se confundir. Ou melhor, se integrarem reciprocamente uma na outra.
b)      A moralidade da educação propriamente dita integra a espiritualidade dessa pedagogia, que é mais ampla. É óbvio, portanto, que, todo progresso moral determina proporcionalmente incremento no desenvolvimento da espiritualidade.
c)      Todavia, enquanto a educação propriamente dita transmite conhecimentos dos valores morais, sociais, cívicos e espirituais, e até insta para que os educandos se tornem morais, sociais, cívicos e espirituais, praticando os respectivos atos, a Pedagogia da Espiritualidade idealiza, cria e institui uma pedagogia específica, “ad hoc”1, para esta prática mediante uma didática que ensina os educandos a cometerem esses atos. E assim, deixando aos educandos a iniciativa, o querer livre e o dispêndio dos próprios árduos, esforços para desenvolverem por esses atos a sua espiritualidade. Por isso cabendo-lhes o mérito do que alcançarem em aperfeiçoamento de suas almas.
d)      A própria Pedagogia da Espiritualidade incorpora a educação propriamente dita do conhecimento dos valores humanos. Em um dos seus quatro procedimentos para preparar os educandos ao cometimentos dos atos, procede-se ao aparelhamento deles para conhecerem, admirarem, valorizarem, quererem e praticarem os atos2. E este procedimento preparatório recebeu o nome de motivação com duração de uma hora.
e)       

1“Ad hoc” (para isso, para este caso; De propósito, adrede”). Adrede (de propósito, de caso pensado).
2São as 5 vivências propiciadoras do exercício concreto dos atos.



CONCLUSÃO. A educação propriamente dita é muito necessária, mas não é suficiente para a espiritualização da qual vem carecendo dramaticamente, se não tragicamente, a espécie humana no seu atual estágio evolutivo.
Terá, por isso, que ser complementada por uma pedagogia e didática específicas, ordenadas direta e eficazmente à prática efetiva dos educandos dos atos pertinentes aos valores humanos morais, sociais, cívicos e espirituais.
Vide nos dois complementos seguintes os futuros vínculos entre a Pedagogia da Espiritualidade e esta 5ª Dinâmica Histórica de desenvolvimento da espiritualidade pela Educação Propriamente dita, a Educação Moral.

1º COMPLEMENTO

     UM VATICÍNIO1 DE KARDEC
(sobre uma futura arte de “formar e corrigir os caracteres2)
QUE REORÇARÁ A EFICÁCIA DA ESPIRITUALIZAÇÃO DESTA 5ª DINÂMICA HISTÓRICA

1(Nosso)


 VATICÍNIO: suposição de algo que pode acontecer com base na realidade atual; prognóstico.


 VATICINAR: prever algo com base em fatos, sintomas, etc.


 CARACTERES: plural de carácter, ou de caráter.


 CARÁTER (acepção que se pode atribuir ao vocábulo no texto doutrinário seguinte): “Firmeza moral, coerência no ato, honestidade” (dic. Houaiss); “Firmeza e coerência de atitudes; domínio de si” (dic. Aurélio)

— GLOSAS DE KARDEC:

 (LE – Q.685ª, p.2): “Quando essa arte (de formar os caracteres, à que incute hábitos) for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus,, de respeito a tudo que é respeitável”. (os grifos são de Kardec).

COMENTO1. Essa arte como se depreende do próprio texto, é a própria educação moral (não pelos livros, isto é teoricamente, mas sim a que incute hábitos.
Outra glosa de Kardec sobre o vaticínio dessa futura arte:

 (LE – Q.917, p.3): “Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los (os caracteres), do mesmo modo como se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência”.

     (RE – 1964, pág. 40)

 Ainda com um nítido teor de vaticínio, encontra-se na Revista Espírita de 1964, pág. 40, o seguinte texto de Kardec:


 “Um dia compreender-se-á que este ramo da educação (a educação moral) tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência; talvez um dia, também, será imposta a toda mãe de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de conhecer o Direito”.


 Foram grifados três trechos do vaticínio da futura arte, — e agora, aí também citada como ciência — a arte futura de formar e corrigir os caracteres.


 “Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira; sendo o seu objetivo o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte de iluminação das massas”


 Passa-se, em seguida, a extrair desses três textos de Kardec, os elementos vaticinadores e que compõem e caracterizam para conhecimento geral, a futura aste e ciência de formar e/ou corrigir o caráter moral dos educandos.



2º COMPLEMENTO
SINAIS E CARACTERÍSTICAS DESSA ARTE E CIÊNCIA FUTURAS DE EDUCAÇÃO MORAL, PARA FORMAÇÃO E CORREÇÃO DO CARÁTER DOS EDUCANDOS

     ESSAS FUTURAS ARTE E CIÊNCIA DE EDUCAÇÃO MORAL:

 Formarão o caráter e incutirá hábitos morais sadios;


 Serão um dia conhecida, compreendida e praticada;


 Incutirão hábitos de ordem e de previdência;


 Motivarão o educando a respeitar tudo que é respeitável;


 Serão a própria educação moral, o que incutirá hábitos;


 Por isso, não serão apenas teoria, estudada nos livros;


 Serão uma arte idêntica a de manejar as inteligências;


 Corrigirão os caracteres do mesmo modo como se aprumam plantas novas;


 Essa arte e ciência exigirão muito tato, experiência e profunda observação;


 Não bastará o conhecimento da Ciência para exercê-las;


 Em arte e ciência de educar futuras são pautadas por princípios e regras como na educação intelectual (o que significa que será regido por uma pedagogia específica).


 Serão uma verdadeira ciência (confirmando a regência por uma pedagogia).


 As mães de família terão a obrigação de conhecer essa arte e ciência de educar;


 “O Espiritismo forçosamente deverá iluminar o grave problema dessa educação moral”.


     X  —  X  —

— PONTOS DESSA LISTAGEM VINCULADOS:

 Com a Pedagogia da Espiritualidade, e esta como a Educação da alma:

1 – 3 – 4 – 5 – 8 – 9 – 11 – 12 – 14.

 Com uma futura e mais acentuada eficácia espiritualizante da Educação propriamente dita, a Educação Moral, Social, Cívica e Espiritual (Educação da Alma), visando ao comportamento (também moral, social, cívico e espiritual dos educandos):


TODOS OS 14 PONTOS.
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